Thursday, July 26, 2012

Revisiting Santiago | Revisitando Santiago

I don’t know about much of the world, and probably not even 10% of what I wanted, but from what I know, I highlight Santiago de Compostela as one of the cities I love most. Being back to Portugal and on vacation, I decided to take a two days trip to that capital-city of Galicia, situated north of the Portuguese border with Spain. Santiago is a monumental city, an UNESCO World Heritage Site and it is a city that I associate very closely to music.
Perhaps because of the huge number of tourists from all over the world, this time Santiago didn’t looked like the center of Galician Celtic culture center that I had known on other trips, full of souvenir shops selling Carlos Núñez and Luar na Lubre CDs. At other times, I remember discussing regional policy on small coffee shops and being asked to speak Portuguese, instead of trying to speak Castilian, because Galician and Portuguese are dialects born of the same ancient language called Galician-Portuguese, in which the first minstrels and lutenists composed, as is the case of Martin Codax.
Despite the excess of tourists, it takes just a walk around the city to experience its magic. The medieval streets, the granite walls, the many towers and arches, and above all the magnificent cathedral, give me a huge desire to play pieces from the Iberian Golden Age vihuelists, right there on every corner, in every coffee shop or in each church. The sound of bagpipes heard throughout the city, the environment of nearby mountains and the faces of local people, remind me who I am, whisper in my ear that I also belong to something bigger and ancient than we were transmitted by blood and culture.
During one of the nights I was awakened by one of my favorite sounds: the bells of the cathedral or a church nearby chiming the evening hours. I opened the window and stood there in the cold of the night observing the roofs and towers, as well as all the seagulls that perch on them overnight. I wish I could do one day as the seagulls and perch in Santiago, as lute performer or teacher.
Good morning, new semester!

(Português)
Não conheço grande parte do mundo e, provavelmente, nem sequer 10% daquilo que gostaria, mas de entre aquilo que conheço, destaco Santiago de Compostela como uma das cidades de que mais gosto. Estando de volta a Portugal e em férias, resolvi dar um salto de dois dias a essa cidade-capital da Galiza, situada a norte da fronteira portuguesa com a Espanha. Santiago é uma cidade monumental, está classificada pela UNESCO como Património da Humanidade e é uma cidade que eu associo muito intimamente à música.
Talvez pela enorme quantidade de turistas oriundos de todo o mundo, Santiago desta vez não me pareceu o centro galaico de cultura celta que eu conhecera em outras viagens, cheio de lojas de recordações vendendo CDs de Carlos Núñez e Luar na Lubre. Em outras alturas, lembro-me de se discutir política regional em pequenos cafés e de nos pedirem para falar português, em vez de tentar o castelhano, porque o galego e o português são dialectos nascidos da mesma língua antiga chamada de galaico-português, na qual os primeiros jograis e alaúdistas compunham, como é o exemplo de Martim Codax.
Apesar do excesso de turistas, basta uma volta pela cidade para sentir a sua magia. As ruas medievais, as muralhas graníticas, as muitas torres e arcos e, sobretudo, a magnífica catedral, dão-me uma enorme vontade de tocar peças de vihuelistas do Século de Ouro ibérico, ali mesmo, em cada esquina, em cada café ou dentro de cada igreja. O som das gaitas-de-foles que se ouvem pela cidade, o enquadramento das montanhas próximas e os rostos das pessoas locais, recordam-me quem sou, segredam-me ao ouvido que também eu pertenço a algo maior e mais antigo que nos foi transmitido pelo sangue e pela cultura.
Durante uma das noites, fui acordado por um dos meus sons preferidos: os sinos da catedral ou de alguma igreja das proximidades a repicar as horas nocturnas. Abri a janela e fiquei ali ao frio da noite a observar os telhados e as torres, assim como todas as gaivotas que nelas pousam para pernoitar. Quem me dera a mim fazer um dia como as gaivotas e pousar em Santiago, como executante ou professor de alaúde.
Bom dia, novo semestre!