Friday, May 29, 2009

Internet Downloads | Downloads da Internet

I would like to share my views on the so called "piracy" on the Internet. I have downloaded music from the Internet, moreover, I believe all the people I know have already done so to a greater or lesser degree. It seems to me something resulting of a new technology, of a new way of playing the music in the comfort of home, car or iPod, which are the artists who should adapt and worry about and not the consumer.

We note that many artists, who should worry about the quality of their product - the music - are actually concerned about their sales without regard to the consumer. What is important is the sale, even to the point of putting in the CD some laws by which I can hear the product where I spent my money (so it is mine) but I can not re-record, put on the net, ultimately, do whatever I want with something that is my property.

I leave a personal example that I still didn’t hear on radio or TV. The overwhelming majority of CD's I bought from my adolescence until now have been through personal discovery. My curiosity led me to ask to listen to strange CDs in stores and in recent years, to download songs from the net, that when please me, make me want to buy those CDs. That is, hundreds of artists had their CDs purchased after I have heard their music on the Internet.

If some people download from the Internet without buying the product, isn’t there are others who use the Internet to check the quality of the songs? Funny that the most severe critics that I’ve heard to the tens of millions of people who are supposed "Internet pirates", came from small expression artists, mostly because they’re overcome in time and have difficulty in embracing the new technologies and new characteristics of the market.
I wonder if U2 or Madonna cares about the music downloading from the Internet? And what about the obscure artist in Central Asia, that launches a CD through a tiny label? Isn’t he going to be delighted that many people around the world now have a way to hear his music, and even buy it in the Internet?

I remember two respected Heavy Metal bands that on the subject of internet downloads, said: "Our business is live concerts", if people download our albums from the internet, great! The concert halls will be filled with more new fans."

(português)
Gostaria de partilhar convosco o meu ponto de vista sobre a chamada “pirataria” na Internet. Eu já baixei música da Internet, aliás, creio que todas as pessoas que conheço já o fizeram em maior ou menor grau. Parece-me algo conseqüente de uma nova tecnologia, de uma nova maneira de tocar a música no conforto de casa, do carro ou do iPod, da qual são os artistas que se devem preocupar e adaptar e não o consumidor.

Notamos que muitos artistas, que se deveriam preocupar com a qualidade do seu produto - a música - estão na realidade preocupados com as suas vendas sem respeito com o consumidor. O importante é a venda, chegando a ponto de colocar no CD algumas leis, segundo as quais eu poderei ouvir o produto onde gastei o meu dinheiro (portanto, é meu), mas não posso regravar, colocar na net, enfim, fazer o que bem entendo com algo que é minha propriedade.

Deixo um exemplo pessoal, que creio que ainda não ouvi na TV ou na rádio. A esmagadora maioria dos CD’s que comprei desde a minha adolescência até hoje foram através de descoberta pessoal. A minha curiosidade levou-me a pedir para ouvir CDs estranhos em lojas e nos últimos anos, a sacar músicas da net, que quando me agradam, me levam a querer comprar CDs. Ou seja, centenas de artistas viram os seus CDs comprados depois de eu ter ouvido as suas músicas na Internet.

Se alguns sacam da Internet sem comprar o produto, não há outros que aproveitam a Internet para fazer uma triagem da qualidade das músicas? Engraçado que as críticas mais pesadas que já ouvi às dezenas de milhões de pessoas que são supostos “piratas da Internet”, vieram de artistas de pouca expressão, mais por estarem ultrapassados no tempo e terem dificuldade em abraçar as novas tecnologias e as novas características do mercado.
Pergunto se os U2 ou a Madonna se preocupa com o download de músicas na Internet? E o artista obscuro na Ásia Central que lança um CD através de uma editora minúscula? Não agradecerá o fato de muita gente espalhada pelo mundo ter agora uma maneira de conhecer a sua música, e até de a comprar pela Internet?

Lembro-me de duas respeitadas bandas de Heavy Metal que sobre o assunto dos downloads, diziam: “O nosso negócio são os concertos ao vivo”, se as pessoas sacarem os nossos álbuns da net, óptimo, as salas de concerto estarão mais cheias com novos fãs”.

Tuesday, May 19, 2009

EDIN KARAMAZOV – The Lute is a Song

Edin Karamazov is a Bosnian lutenist (born in 1965 in Zenica). He studied with Hopkinson Smith at the Schola Cantorum Basiliensis and worked with various musical projects, soloists and groups, including Sting, Hespèrion XXI and Andreas Scholl.

Edin Karamazov stands out for its artistic and a wide-ranging approach, bringing to his archlute, works composed for other instruments, such as the "Nocturne" by Benjamin Britten and the “Partita in D Minor” by Johann Sebastian Bach. However, it was with his collaboration with the pop star Sting who gained wider projection, in the album "Songs from the Labyrinth" - Renaissance Music by John Dowland with the less erudite voice of Sting.

Edin Karamazov is now launching a solo CD for Decca, titled "The lute is a song." As in his previous recordings, the lutenist offers a differentiated approach on the traditional music for lute, taking the instrument out of the purist environments and embracing other musical genres, which in my view refreshes the entire landscape of lute music, sometimes criticized for being dull, thus keeping the instrument alive and interesting, while gaining more audiences.

"The lute is the song" includes music from the Renaissance to nowadays, classical but with a folk and pop touch, beginning with an unusual electric guitar music (Paisaje Cubano con rumba) by Leo Brouwer and including the participation of four of the most important voices of the world, Andreas Scholl, Renée Fleming, the Macedonian singer Kaliopi and Sting.
Among the songs chosen for the CD, is a fabulous interpretation of the famous “Toccata and Fuga in D minor” by Johann Sebastian Bach. Included is also a version of the Turkish Koyunbaba by Carlo Domeniconi in baroque lute and a Zamboni sonata for the more conservative public.

This is one of the best CDs I ever heard in my life and that will stir emotions in you, just listen to "Oh Lord, whose Mercies are numberless" by Händel with Edin Karamazov’s archlute and the incredible voice of the countertenor Andreas Scholl and you will receive the perfect absolution.



(português)
Edin Karamazov é um alaúdista bósnio (nascido em 1965 em Zenica). Estudou com Hopkinson Smith na Schola Cantorum Basiliensis e trabalhou com diversos projectos musicais, solistas e agrupamentos, incluindo Sting, Hespèrion XXI e Andreas Scholl.

Edin Karamazov destaca-se por sua abordagem artística bem mais abrangente, trazendo para o seu arquialaúde obras compostas para outros instrumentos, como são exemplos o “Nocturno” de Benjamin Britten e a partita em Ré Menor de Johann Sebastian Bach. No entanto, foi com a sua colaboração com a estrela pop Sting que ganhou bastante projeção, no álbum “Songs from the Labyrinth” – Música renascentista de John Dowland com a voz menos erudita de sting.

Edin Karamazov lança agora um CD solo pela DECCA, entitulado “The lute is a song”. Como no seu anterior registo discográfico, o alaúdista apresenta uma abordagem diferenciada sobre a tradicional música para alaúde, tirando o instrumento dos ambientes puristas e abraçando outros gêneros musicais, que no meu entender refresca toda a paisagem musical do alaúde, por vezes criticado de monótono, mantendo assim o instrumento vivo e interessante, enquanto conquista maiores audiências.

“The lute is a song” engloba música desde o Renascimento aos dias de hoje, clássico mas com um toque folk e pop, começando logo com uma invulgar música em guitarra elétrica (paisaje Cubano com rumba) de Leo Brouwer e incluindo a participação de quatro das mais importantes vozes do mundo, Andreas Scholl, Renée Fleming, a cantora macedônia Kaliopi e Sting.
Entre as músicas escolhidas para o CD, está uma fabulosa interpretação da famosa Toccata e Fuga em Ré menor de Johann Sebastian Bach. Incluídas estão também uma versão em alaúde barroco da Koyunbaba turca de Carlo Domeniconi e uma sonata de Zamboni para o público mais conservador.
Este é um dos melhores CDs que já ouvi na minha vida e que com certeza o irá emocionar, ouça “Oh Lord, whose mercies are numberless” de Händel com o arquialaúde de Edin Karamazov e a voz inacreditável do contratenor Andreas Scholl e receberá a perfeita absolvição.

Thursday, May 14, 2009

Greensleeves by Moonlight | Greensleeves ao Luar

During this week, the full moon appeared before the semi-clouded sky, and the first image that came to my mind while seeing that amazing phenomenon, was the "Queen of the Night" from Mozart’s "Magic Flute", especially in the “Amadeus” movie.

And what if the stage was the silent earth without human hurry, and the universe was watching, behind the curtain-clouds and the moon, stars, galaxies!

A few years ago, while the world was sleeping, I used to seize the huge moonlight that stood in front of my window in Lisbon, lighting up the Tagus River, awaking and playing the adagio sustenuto of Beethoven’s Moonlight Sonata. The combination of divine music with the hypnotic natural phenomenon, although obviously by the title of the piece, was so powerful. And thus I would let myself be bewitched by that sweet tide, as a galleon through dawn...

Thus, yesterday I played the lute for this sublime theatre, and in a mysterious way my fingers played with feeling even those songs which are still a challenge, as if the energy of the night, silent and amazing, was tutor of my fingers on the instrument.

(português)
Durante esta semana, a Lua cheia apareceu diante do céu semi-enevoado, e a primeira imagem que me veio à cabeça ao ver esse incrível fenômeno, foi a “Rainha da noite” da “Flauta Mágica” de Mozart, sobretudo no filme “Amadeus”.

E se o palco fosse a terra silenciosa sem azáfama humana, e o universo estivesse assistindo, atrás das nuvens-curtinas e da Lua, estrelas, galáxias!

Há uns anos, enquanto o mundo dormia, eu aproveitava o Luar gigantesco que se erguia em frente da minha janela, em Lisboa, iluminando o Rio Tejo. Levantava-me e tocava o adágio sustenuto da Sonata ao Luar de Beethoven. A combinação da música divina com o hipnótico fenômeno natural, embora óbvia pelo titulo da peça, era poderosíssima. E assim eu me deixava levar enfeitiçar por aquela doce maré, como um galeão pela madrugada...

Foi assim que ontem toquei alaúde para esse sublime teatro, e de forma misteriosa os meus dedos tocaram com o sentimento mesmo aquelas músicas que ainda são um desafio, como se a energia da noite, silenciosa e espantosa, fosse tutora dos meus dedos sobre o instrumento.

Sunday, May 10, 2009

The OUD, father of the European Lute | o OUD, pai do alaúde europeu

In the year of 711, a line of highly advanced Muslims invaded the poorly defended Iberian Peninsula and established the Caliphate of Al-Andalus.
The Arabs, among many things, established in the peninsula the taste for arts and the erudite cult of a musical instrument called "oud" ("Ud" in some countries) that later would originate the European lute. They were also the first to establish a music conservatory in Spain by the virtuoso of that time, Zyriab.

As the picture shows, this instrument also has a half-pear shape and to date is commonly used in music of the Middle East and Eastern Mediterranean countries. It differs from the European lute for not having frets (traces on the neck of the instrument) and because it is played with a plectrum (pick).

The oldest image of an Oud dates back to 5000 years ago, in the current city of Nassiriyah in Iraq. This detail caused me enormous impact, because it is possible to imagine the ancient civilizations of the Middle East and Mediterranean already using chordophones (string instruments) in their music. From the Sumerians, Acadians, Persians, Babylonians, Assyrians, Armenians, Greeks, Egyptians and Romans, to the Turks, who later brought the Oud to the battles, by the belief in the magical powers of this instrument.


(português)
No ano de 711, uma linhagem de muçulmanos extremamente avançados invadiu a Península Ibérica mal defendida e estabeleceu o Califado de Al-Andalus.
Os árabes, entre muitas coisas, estabeleceram na Península o gosto pelas artes e o culto erudito de um instrumento musical chamado “oud” (“Ud” em alguns países) que mais tarde daria origem ao alaúde europeu. Foram também os primeiros a estabelecer em Espanha um conservatório de música através do virtuoso da época, Zyriab.

Como a imagem mostra, este instrumento também tem formato de meia-pêra e até aos dias de hoje é comumente usado na música do Médio Oriente e países do Mediterrâneo Oriental. Distingue-se do alaúde europeu por não ter trastes (traços no braço do instrumento) e por ser tocado com palheta.

A imagem mais antiga de um Oud remonta a 5000 anos atrás, na atual cidade de Nassiriyah no Iraque. Esse detalhe causou-me enorme impacto, pois é possível imaginar as civilizações da Antiguidade no Médio Oriente e Mediterrâneo já usando cordofones (instrumentos de corda) na sua música. Dos Sumérios, Acadianos, Persas, Babilônios, Assírios, Armémios, Gregos, Egípcios e Romanos até aos Turcos, que mais tarde traziam o Oud para as batalhas, pela crença nos poderes mágicos desse instrumento.