Thursday, April 30, 2009

My album of the mornings | Meu album das manhãs

I am a lover of ethnic music and have a special taste for music that goes from the cultures of the Mediterranean Basin to India, mainly from Turkey to Pakistan, Passing through ancient Persia.
Although my collection of ethnic music is still minimal, mainly of music related to the lute, I highlight an album that I like to hear after waking or during the morning:
"Rhythms OF Baghdad" by Ahmed Mukhtar and Sattar Al-Saadi. It is a wonderful disc, profound, of fusion between an immensely expressive Oud* and an incredible percussion, which leads us to the ancient bazaars, mosques and tea houses of Baghdad, leaving us a little glimpse of the cultural aspects of Iraq, where the musicians are native.

Born in the Iberian Peninsula, in an ancient and great city, whose narrow streets, a thousand years ago could be confused with any city in the Abbasid period, I can’t but feel the depth of this disc. The musicians, from the glorious capital of that vast disappeared empire, accurately capture my personal vision of the territory of Al-Andalus, governed by a highly advanced line of Muslims, which after all, brought the art to this land as we know it today.

I awake and look at the landscape, the sun warms me and "rhythms of Baghdad" transports me to a world where everything is possible, to live together and share the best of the human spirit among all world cultures without being pulled to one side of the barricade of the current intolerance between peoples.

* The Oud is the "father" of the European lute, an instrument from the Middle East, illustrated in the cover of "Rhythms of Baghdad" and that will be the theme of the next entry in this blog.

(português)
Sou um amante de música étnica e tenho um gosto especial pela música que vai das culturas da Bacia do Mediterrâneo até à Índia, sobretudo da Turquia ao Paquistão, passando pela antiga Pérsia.
Embora a minha coleção de música étnica ainda seja mínima, principalmente da música ligada ao alaúde, destaco um álbum que gosto de ouvir depois de acordar ou então durante a manhã:
“RHYTHMS OF BAGHDAD” de Ahmed Mukhtar e Sattar Al-Saadi. É um disco maravilhoso, profundo, de fusão entre um Oud* imensamente expressivo e uma percussão inacreditável, que nos leva aos antigos bazares, mesquitas e casas de chá de Baghdad, deixando-nos vislumbrar um pouco dos aspetos culturais do Iraque, de onde os músicos são nativos.

Nascido na Península Ibérica, numa antiga e grande cidade, cujas ruas estreitas, há mil anos se confundiriam com qualquer cidade do período abássida, não posso deixar de sentir a profundidade deste disco. Os músicos, originários da gloriosa capital desse vasto império desaparecido, captam com precisão a minha visão pessoal do território de Al-Andalus, governado por uma linha de muçulmanos altamente avançados, que no final das contas, trouxeram a arte para essa terra como a conhecemos hoje.

Acordo e olho a paisagem, o Sol aquece-me e “rhythms of Baghdad” transporta-me para um mundo onde tudo é possível, conviver e partilhar o melhor do espírito humano entre todas as culturas mundiais sem sermos puxados para um dos lados da barricada da atual intolerância entre povos.

*o Oud é o “pai” do alaúde europeu, instrumento originário do Médio Oriente, ilustrado na capa do “Rhythms of Baghdad” e que será tema da próxima entrada neste blog.

Thursday, April 23, 2009

EL CORTESANO - "Si me llaman..." Presentation Concert | Concerto de apresentação










EL CORTESANO invites you to the presentation concert of their latest album, "Si me llaman ..." The presentation will take place on Saturday April 25, at 20hs, in the auditorium of Caja Madrid, located in the building of the Casa de las Alhajas (just opposite the monastery of Las Descalzas in the Plaza San Martín) and you can enter through a side street, Hileras, Madrid.

www.elcortesano.com

Personal note: If you are anywhere inside a 2.000km radius of this event, please do yourself a favor and do not miss it! Pick a bus or a fast train, Madrid has excellent transport connections


EL CORTESANO Si la noche haze oscura

(português)
EL CORTESANO convida-o/a para o concerto apresentação do seu último álbum, "Si me llaman ..." A apresentação terá lugar no sábado, dia 25 de abril às 20hs, no auditório da Caja Madrid, localizado no edifício da Casa de las Alhajas (em frente ao Mosteiro de las Alhajas, na Plaza San Martín) e entra-se por uma rua lateral, Hileras, Madrid.

www.elcortesano.com

Nota pessoal: Se você estiver algures dentro de um raio de 2,000km deste evento, por favor faça um favor a si próprio/a e não perca! Use o “autobus” ou o comboio rápido, Madrid têm excelentes ligações de transporte.

Wednesday, April 22, 2009

Weiss at J.S. Bach’s house | Weiss em casa de J.S. Bach

Sylvius Leopold Weiss, the most famous lutenist of Europe, and Johann Sebastian Bach, with all probability already knew each other by name even before they met. One of Bach’s sons, Wilhelm Friedemann, became organist of Sophienkirche of Dresden in 1733, where he made friends with Weiss. From that point on, Bach and Weiss must have met several times.

During 1739, Weiss and his main apprentice, Johann Kropfgans, stayed in Leipzig with Wilhelm Friedemann for four weeks, and visited the house of J.S. Bach frequently. Johann Elias Bach, who worked as private secretary to Bach mentions the visit in a letter to the "Cantor" J.W. Koch:

"….so I certainly hoped to have the honour of speaking to my brother; I wished it all the more because just at that time there was extra special music while my cousin from Dresden (Wilhelm Friedemann) who was present here for four weeks, together with the two famous lutenists, Herr Weiss and Herr Kropfgans, played at our house several times…."

It is known that J.S. Bach had a great taste for the lute, and based on his close relationship with a circle of professional and amateur lutenists of the time, he modified an harpsichord placing gut-strings in the manner of the lute, which became known as a "Lautenwerk". It was said that the sound heard could cheat the best lutenists, and it was the instrument in which Bach played Weiss’s sonatas. Bach’s music for lute, composed in this lute-harpsichord, is for this reason, technically difficult, and sometimes require a different tuning.

Testimony of the admiration that Bach had for Weiss was the arrangement that Bach made of Weiss’s Sonata No. 47 in A Major for his suite for harpsichord and violin - BWV1025, which may have originated from one of these historic meetings.

Fifty-five years after the deaths of J.S. Bach and Weiss, in 1805, J.F. Reichart reported that J.S. Bach and Weiss have been involved in a friendly challenge ...

"Anyone who knows how difficult it is to play harmonic modulations and good counterpoints on the lute will be surprised and full of disbelief to hear from eyes-witnesses that Weiss, the great lute-player, challenged JS Bach, the great harpsichord and organ-player, by playing fantasies and fugues."


(português)
Sylvius Leopold Weiss, o alaúdista mais famoso da Europa, e Johann Sebastian Bach, com toda a probabilidade já se conheceriam de nome mesmo antes de se encontrarem. Um dos filhos de Bach, Wilhelm Friedemann, tornou-se organista da Sophienkirche de Dresden em 1733 onde travou amizade com Weiss. A partir desse ponto, Bach e Weiss deverão ter-se encontrado por diversas vezes.

Durante 1739, Weiss e seu principal aprendiz, Johann Kropfgans, estiveram com Wilhelm Friedemann em Leipzig por quatro semanas, tendo visitado a casa de J.S. Bach freqüentemente. Johann Elias Bach, que trabalhava como secretário privado de Bach menciona a visita numa carta ao “Cantor” J.W.Koch:

"... por isso eu certamente esperava ter a honra de falar com o meu irmão; eu desejava isso ainda mais porque justo durante esse tempo havia música extra especial enquanto o meu primo de Dresden (Wilhelm Friedemann) que estava presente aqui por quatro semanas, junto com os dois famosos alaúdistas, Senhor Weiss e Senhor Kropfgans, tocaram na nossa casa várias vezes...”

É sabido que J.S.Bach tinha um grande gosto pelo alaúde, e baseado no seu relacionamento estreito com um circulo de alaúdistas profissionais e amadores da época, chegou a modificar um cravo colocando cordas de tripa à maneira do alaúde, que ficou conhecido como “Lautenwerk”. Dizia-se que o som enganava o ouvido até dos melhores alaúdistas, e era o instrumento onde Bach tocava as sonatas de Weiss. A música de Bach para alaúde, composta neste cravo-alaúde, é por essa razão, tecnicamente difícil, sendo por vezes necessária uma afinação diferente.

Testemunho da admiração de Bach por Weiss foi o arranjo que Bach fez da Sonata nº47 em Lá Maior de Weiss para a sua suíte para cravo e violino, BWV1025, que poderá ter tido a origem num desses encontros históricos.

Cinqüenta e cinco anos depois da morte de J.S.Bach e Weiss, em 1805, J.F.Reichart relata que J.S.Bach e Weiss se terão envolvido num desafio amigável...

"….Alguém que saiba o quanto é difícil tocar modulações harmônicas e bom contraponto no alaúde ficará surpreendido e incrédulo ao ouvir com olhos-testemunha que Weiss, o grande alaúdista, desafiou J.S.Bach, o grande cravista e organista, a tocar fantasias e fugas.”

Friday, April 10, 2009

The nervousness of a recital | O nervosismo de um recital

Last year I made my first appearance in public, that didn’t go well and my confidence was shaken for some time.
The songs were easy, of those that I played with my eyes closed while watching comedy on TV, but with the presentation time approaching I started to get anxious. It was alright, because our Early Music group would play some songs first from "Cancioneiro Musical de Belém” – Portuguese Music from the end of the Fifteenth Century.

In about 20 minutes to the start of the presentations, I received the recital programme and there was my name and title of the songs that I was going to play. But according to the programme, I would play alone before playing with the Early Music group. Anxiety turned into nervousness. And the people who were coming to see me? Seemed like they would never appear, so I went running to the park to see if they were coming. My time was approaching, the heat inside the small room with about 40 people was unbearable, and I, the only student that day dressed in choir boy uncomfortable clothes, began to sweat uncontrollably.

My turn came, and the teacher, proudly announced that directly from Lisbon-Portugal I would play for them. As sweat slided down my face, I thought I could not fail, there I had to be the Jimmy Hendrix of the lute, nothing less.

There was no problem facing the eyes of those 40 people and other colleagues fixed on me, but for my bad luck, my left hand declared independence and began to tremble, and I went down as Titanic, with that Jedi mental strength holding the itching from the sweat in my face.

Some weeks passed and I began to feel uncomfortable to have stopped before a difficulty. I decided to face the "panic" of playing in public. Reflecting on the students’ recital, I discovered in me some flaws and natural inadequacies of someone who is still in the first half of the lute course. Moreover, it was the first time in several years that I played in public and that chair where I sat, was a lonely place.

I came to the conclusion that I was not concentrated in the music, but on what people were thinking. It is interesting to notice that when the hand trembles a bit, we tend to give importance to this factor and so it starts trembling more. In that way, we get more nervous in a chain reaction that has disastrous results. It would help relax doing some breathing exercises to help reduce the level of anxiety and not try to be a virtuoso. Not make a "traffic fine" face when something goes wrong, because often the public doesn’t realize.
I noticed that when we perform, we must play songs from last semester, because we have more security and when we get "turbulence" in the hand, we can always turn the "auto-pilot" on, which was formed during the long hours of study.

I talked with other colleagues in the Early Music Nucleus on the nervousness of a recital and noticed that everyone passed through the same situation. However, for everybody it was essential to play more often in public to dissipate the nervousness. The ideal was to do open rehearsals to students and friends, playing at home for family members, because skipping that stage is often a cause of paralyzing nervousness before the audience. It’s a very important exercise, because we notice how our body reacts and we can find some factors that may increase the nervousness, which are usually natural and we must learn to live with them and not turn them into boogeymen.

For Eternity: " The secret of success is going from failure to failure without loss of enthusiasm. - Winston Churchill


(português)
No ano passado fiz a minha primeira apresentação em público, que não correu bem e a minha confiança ficou abalada durante algum tempo.
As músicas eram fáceis, daquelas que eu tocava de olhos fechados enquanto via comédia na TV, mas com o aproximar da hora da apresentação comecei a ficar ansioso. Tudo bem, pois o nosso grupo de música antiga ia apresentar-se primeiro para tocar músicas do “Cancioneiro Musical de Belém” – Música portuguesa dos finais do século XV.

A uns 20 minutos para o início das apresentações, recebi a programação do recital e lá estava o meu nome e o título das músicas que eu iria apresentar. Mas segundo a programação, eu tocaria sozinho antes de tocar com o grupo de música antiga. A ansiedade transformou-se em nervoso. E as pessoas que me vinham ver? Nunca mais apareciam, tanto que cheguei a correr até ao estacionamento para ver se estavam a chegar. A minha vez aproximava-se, o calor dentro da pequena sala com umas 40 pessoas era insuportável e eu, o único aluno naquele dia vestido com roupa desconfortável de menino de coro, comecei a transpirar incontrolavelmente.

Surgiu a minha vez, e o professor, orgulhoso, anuncia que directamente de Lisboa-Portugal eu iria tocar para eles. Enquanto o suor me corria pela cara, eu pensava que não poderia falhar, eu tinha de ser ali o Jimmy Hendrix do alaúde, nada menos.

Não foi problema enfrentar o olhar fixo daquelas 40 pessoas e de outros colegas meus fixados em mim, só que para meu azar a minha mão esquerda declarou independência e começou a tremer, e eu fui a pique como o Titanic, com aquela força mental de Jedi a agüentar a comichão daquela transpiração na minha cara.

Algumas semanas se passaram e comecei a sentir aquele desconforto de ter parado perante uma dificuldade. Resolvi enfrentar o “pânico” de tocar em público. Refletindo sobre o recital dos alunos, descobri em mim falhas e desajustamentos próprios de quem ainda está na primeira metade do curso de alaúde. Além do mais, era a primeira vez em alguns anos que tocava em público e aquela cadeira onde me sentei, era um local solitário.

Cheguei à conclusão que eu não estava concentrado na música, mas no que as pessoas estariam a pensar. É curioso que quando reparamos que a mão está a tremer um pouco, temos tendência a dar importância a esse factor e assim ela passa a tremer mais. Por isso, ficamos mais nervosos num efeito em cadeia que tem resultados desastrosos. Ajudaria descontrair com alguns exercícios respiratórios para ajudar a reduzir o nível de ansiedade e não procurar ser um virtuoso. Não fazer aquela cara de “multa de trânsito” quando algo corre mal, pois muitas vezes o público não se apercebe.
Percebi também que quando nos apresentamos devemos tocar músicas do semestre passado, pois temos mais segurança e quando houver “turbulência” na mão, podemos sempre ligar o “piloto-automático” que se formou durante as longas horas de estudo.

Falei com outros colegas do núcleo de música antiga sobre o nervosismo de um recital e percebi que todos passam pela mesma situação. No entanto, para todos era essencial tocar mais vezes em público até o nervoso se dissipar. O ideal era fazer ensaios abertos a alunos e amigos, tocar em casa para familiares, pois queimar essa etapa é muitas vezes uma causa de nervosismo paralisante em palco. É um exercício muito importante, pois vamos notando como o corpo reage e podermos aperceber-nos de alguns fatores que possam estar a aumentar o nervosismo, que normalmente são naturais e que temos de aprender a conviver com eles e a não transformá-los em bichos papões.

Para a Eternidade: “O segredo do sucesso é andar de revés em revés sem perder o entusiasmo”. – Winston Churchill