Thursday, December 24, 2009

Merry Christmas and a Happy New Year | Feliz Natal e Feliz Ano Novo

To all my relatives and friends, and in a very special way to all visitors from every corner of the world who have followed my incursions through Lute Music, I wish you all

MERRY CHRISTMAS and a HAPPY NEW YEAR
with peace and joy to everyone of you


(português)
Para todos os meus familiares e amigos e, de uma forma muito especial aos visitantes de todos os cantos do mundo que têm seguido as minhas incursões pela música de alaúde, eu vos desejo a todos

FELIZ NATAL e um FELIZ ANO NOVO
com paz e alegria para todos vós

Wednesday, December 2, 2009

Introducing the Theorbo | Apresentando a Teorba

The end of this semester was difficult. It is a complicated exercise to find motivation and inspiration to continue to study a very difficult instrument with so many demanding theory subjects, but so is the structure of an instrument course of a major music school.
In a way, I had placed my instrument aside to prepare for the theory exams, with the will that the year would be over soon and that the holidays would give me the necessary impetus to start the next semester with energy. This energy has just arrived in a way that I was not expecting.

My teacher brought the theorbo in the last class, so I get used to the instrument to begin classes in February. The learning of this "new" instrument in conjunction with the Renaissance lute is actually beneficial to the general training as a lutenist.
The feeling of playing a theorbo is fantastic and the surrounding sound is immediate, the difference in sound to the Renaissance lute making much impact. I cannot wait for the next semester and all the musical possibilities that this new bass baroque lute brings.

Read more about the theorbo in the post from 1 October 2009 - What's the Theorbo What is a theorbo?


A song for Countertenor (Phillipe Jaroussky) and Theorbo (Björn Colell)

(Português)
O final do presente semestre foi difícil. É um exercício complicado encontrar motivação e inspiração para continuar a estudar um instrumento dificílimo com tantas cadeiras teóricas exigentes, mas é assim a estrutura de um curso instrumental de uma grande escola de música.
De certa maneira, eu já tinha colocado o meu instrumento de lado para me preparar para as provas teóricas, com vontade que o ano acabasse logo e que as férias me dessem o estímulo necessário para começar o próximo semestre com energia. Essa energia acabou de chegar de uma forma que eu não estava à espera.

O meu professor trouxe a Teorba na última aula, para que eu me habituasse ao instrumento para começar as aulas em Fevereiro. A aprendizagem deste “novo” instrumento em simultâneo com o alaúde renascentista é até benéfico para a formação geral como alaúdista.
A sensação de tocar uma teorba é fantástica e a envolvência do som é imediata, fazendo muito impacto a diferença de alcance sonoro para o alaúde renascentista. Mal posso esperar pelo próximo semestre e por todas as possibilidades musicais que este novo alaúde baixo barroco trás.

Leia mais sobre a Teorba no post de 1 de Outubro de 2009 – What’s a Theorbo O que é uma Teorba?

Wednesday, November 4, 2009

Tribute to Pedro Caldeira Cabral | Homenagem a Pedro Caldeira Cabral

This post is not a biography of the brilliant portuguese guitarist, composer and author. It's just a tribute and a reminder to me that without having known his music, I would never have been attracted by Early Music and become a lute student.

Unfortunately I never had the opportunity to attend a concert or watch a presentation of his Early Music projects "La Batalla" and "Concerto Atlântico", perhaps because of the poor dissemination of information on quality music in my native country. But I would also like to link this blog to those musicians, who probably deserved more attention and greater support by the Portuguese media and the Ministry of Culture.

I can not remember exactly how I met Pedro Caldeira Cabral's music. Certainly I must have seen him play on television once or twice and memorized his name before I was ten years old. I know that in a Christmas when I was a kid, I bought a cassette of his "Duas faces" album. I must have heard that tape a thousand times. I would say that in the mid-80s, most of my colleagues wanted to be Bono of U2, Maradona or Ayrton Senna. I wanted to be Pedro Caldeira Cabral.

My admiration was further completed in 2007, when in my enthusiasm for initiating lute studies, I contated him by email, among about fifty contacts around the world in the field of Early music, from musicians and teachers to webmasters and record companies. Pedro Caldeira Cabral was the only person who answered me, in a very attentive and friendly way, I must say. I will never forget this gesture and the day of my graduation recital I intend to include his name on my short list of thanks, perhaps play one of his songs on the Renaissance lute or vihuela.



(Português)
Este post não é uma biografia sobre o brilhante guitarrista, compositor e autor português. É apenas uma homenagem e um lembrete para mim de que sem ter conhecido a sua música, eu nunca teria sido atraído pela música antiga e me tornado um estudante de alaúde.

Infelizmente nunca tive oportunidade de assistir a um recital ou ver uma apresentação dos seus projectos de música antiga “La Batalla” e “Concerto Atlântico”, talvez pela pobre difusão de informações sobre espectáculos de música de qualidade no meu país natal. Mas gostaria de ligar este blog também a esses músicos, que talvez merecessem uma atenção e um apoio maior por parte dos meios da comunicação social portuguesa e do Ministério da Cultura.

Não me consigo lembrar com exatidão como conheci a música de Pedro Caldeira Cabral. Com certeza devo tê-lo visto tocar na televisão uma ou duas vezes e fixei o seu nome quando ainda não tinha dez anos de idade. Sei que num Natal em que eu era pequeno, me compraram uma cassete do seu álbum “duas faces”. Devo ter ouvido aquela cassete milhares de vezes. Eu diria que em meados dos anos 80, a maioria dos meus colegas queria ser Bono dos U2, Maradona ou Ayrton Senna. Eu queria ser Pedro Caldeira Cabral.

A minha admiração ainda se completou mais no ano de 2007, quando no entusiasmo pela minha iniciação no alaúde o contactei por email, entre cerca de cinquenta contactos pelo mundo na área da Música Antiga, desde músicos e professores a webmasters e companhias discográficas. Pedro Caldeira Cabral foi a única pessoa que me respondeu, de uma forma muito atenciosa e simpática por sinal. Nunca esquecerei esse gesto e no dia do recital da minha formatura pretendo incluir o seu nome na minha pequena lista de agradecimentos, quiçá tocar uma das suas músicas no alaúde renascentista ou vihuela.

Monday, October 26, 2009

Masterclasses with Vincent Dumestre cancelled | Masterclasses com Vincent Dumestre canceladas

To my bad luck, the juicy week I was preparing for months to go to Belo Horizonte attend masterclasses with Vincent Dumestre, the French lutenist/theorbist and founder of “Le Poème Harmonique” did not materialize. With booked trip, I made perhaps a mistake of first musical study trip, not making my reservation in an hotel with good advance, and in the 2nd Early Music Week of the Federal University of Minas Gerais - UFMG, filled with outstanding teachers from across the world, the hotels were, of course, crowded.

Vincent Dumestre has been for some years, along with Rolf Lislevand, the musician who I admire most for his musical project, closer to my personal musical taste. This event was a golden opportunity to learn lots of new things and grow as a musician. Dumestre is in fact more than just a famous musician for me. Frustration is natural.

I 'll be waiting for an opportunity to meet the teacher sooner or later, in Brazil or in France, when I visit my home country. In a way, I will compensate this disappointment with more study and a slight musical redirection in 2010 with the preparation and start of theorbo lessons, alongside the Renaissance lute. The next time there's organized masterclasses somewhere, I'll be more prepared.

(português)
Para meu azar, a semana suculenta que eu preparava há meses para ir a Belo Horizonte frequentar masterclasses com Vincent Dumestre, o alaúdista/teorbista francês fundador do “Le Poème Harmonique” não se concretizou.
De viagem marcada, acabei por cair talvez num erro de primeira viagem de estudo musical e não marquei estadia com antecedência, e na 2ªSemana da Música Antiga da Universidade Federal de Minas Gerais, repletas de professores excepcionais vindos de várias partes do mundo, os hotéis estavam, claro, lotados.

Vincent Dumestre é desde há alguns anos, a par de Rolf Lislevand, o músico que mais admiro pelo seu projecto musical, mais próximo ao meu gosto musical pessoal. Este evento era uma oportunidade de ouro de aprender imensas coisas novas e de crescer como músico. Dumestre é de facto mais do que apenas um músico famoso para mim. A frustração é natural.

Fico à espera de uma oportunidade de conhecer o professor mais tarde ou mais cedo, no Brasil ou em França, quando me desloco ao meu país natal.

De certa maneira, compensarei esta decepção com mais estudo e com um ligeiro redireccionamento musical em 2010, com a preparação e início de lições de teorba, a par do alaúde renascentista. Da próxima vez que sejam organizadas masterclasses algures, lá estarei mais preparado.

Thursday, October 1, 2009

What is a theorbo? | O que é uma teorba?

My teacher Fernando Dell'Isola and the Theorbo O meu professor Fernando Dell'Isola e a teorba

Not long ago I thought that my evolution in the lute would lead me to dedicate myself to the vihuela repertoire of the Spanish Golden Age, and perhaps explore the wonderful music of Sylvius Leopold Weiss in the baroque lute. However, an opportunity arose to acquire a used theorbo at a very inviting price. This fact may well change dramatically the way I think my musical future, and in some ways, has already changed it as I matured the idea of acquiring the instrument. Thus, in possession of a theorbo, I will gradually devote myself to the accompaniment of other musicians, instrumentalists or singers, something that gave me great pleasure last year, using the Renaissance lute. But if many people do not know what a lute is, I would like to explain what is a theorbo.

A theorbo is a bass lute developed in Italy in the late sixteenth century to accompany opera and the new musical wave "nuove musiche", having an extended lower sound range. The musicians started adapting a neck or extension to add non-fretted bass strings, which are played open as in a harp, allowing a greater sustain of sound. The theorbo normally has 14 orders (strings or pairs of strings), although some pieces of the Early Baroque period require an instrument of 19 orders. The theorbo is used as a solo instrument, but mostly as an accompaniment to singing and basso continuo.


Rolf Lislevand playing a chaconne by Robert de Visée on the theorbo Rolf Lislevand tocando uma chaconne de Robert de Visée na teorba

(português)
Há não muito tempo pensei que a evolução no alaúde me levaria a dedicar-me ao repertório de vihuela do Século de Ouro Espanhol, e talvez explorar a música maravilhosa de Sylvius Leopold Weiss no alaúde barroco. No entanto, surgiu uma oportunidade de adquirir uma teorba usada a um preço muito convidativo. Esse facto pode bem mudar drasticamente a minha maneira de pensar o meu futuro musical, e de certa maneira, já mudou, enquanto eu amadurecia a ideia de adquirir o instrumento.
Assim, na posse de uma teorba, irei de uma maneira gradual dedicar-me ao acompanhamento de outros músicos, sejam instrumentistas ou cantores, coisa que me deu imenso prazer no ano passado, usando o alaúde renascentista. Mas se muita gente não sabe o que é um alaúde, gostaria de explicar o que é uma teorba.

Uma teorba é um alaúde baixo, desenvolvido na Itália no final do século XVI para acompanhar óperas e a nova corrente musical “nuove musiche”, tendo um alcance sonoro grave bastante extenso. Os músicos começaram a adaptar um braço ou extensão para adicionar cordas baixo não trastejadas, que são tocadas no vazio como uma harpa, possibilitando uma grande sustentação do som. A teorba normalmente tem 14 ordens (cordas ou pares de cordas), embora algumas peças do inicio do período barroco exijam um instrumento de 19 ordens.
A teorba é utilizada como instrumento solo, mas sobretudo como acompanhamento de canto e baixo contínuo.

TopBlog Contest | Concurso TopBlog

The blog “Lute - the instrument” participated in the contest TopBlog of the brazilian website www.topblog.com.br, in the category of "music", with 547 other competitors. This project has won recognition for being ranked among the top 100, which made its author very happy, knowing that many of these selected blogs are official blogs of known artists, with conditions to have more visitors, hiring manager, graphic designer or press professional.
I therefore consider the participation in this competition an important step in making the lute known to as many people as possible.
To those responsible for topblog.com.br goes my thanks and best wishes for success.

(português)
O blog “Lute - the instrument” participou no concurso TopBlog do website brasileiro www.topblog.com.br na categoria de “música”, com outros 547 competidores. Este projeto ganhou reconhecimento ao ficar classificado entre os 100 primeiros, o que deixou o seu autor muito feliz, sabendo que muitos desses blogs seleccionados são blogs oficiais de artistas conhecidos, com condições de ter mais visitantes, de contratar gestor, designer gráfico ou profissional de imprensa.
Considero assim a participação neste concurso um passo importante para dar a conhecer o alaúde ao maior número de gente possível.
Aos responsáveis do topblog.com.br ficam os meus agradecimentos e votos de sucesso.

Wednesday, September 2, 2009

Melancholy and Renaissance | Melancolia e Renascença

One of the reasons why Renaissance lute music is not very popular is its melancholic nature. The ultimate example of this is the music of the English composer John Dowland, born in 1563 and a contemporary of Shakespeare.

However, faced with this apparent paradox, one might ask: If the Renaissance, with its revolutionary interest in the Arts and Sciences, took the place of the dark Middle Ages, how did melancholy appeared to establish itself as the dominant musical feeling of an age that was apparently of human discovery and enlightenment?

With the changes and revolutions of thought that have occurred in the Renaissance, specially in the Arts and Sciences, theological explanations which prevailed in the Middle Ages came to be discredited and less accepted, leading to experimental science as rational attempt to discover and understanding the world.

The cultural movement of the Renaissance brought a loss of references of the Medieval world, while making at the same time the genesis of the liberation of the individual through Reason, or the Protestant faith.
Melancholy appears in full in the field of Philosophy and the Arts. When the paradigms of faith, which gave Man all the answers, were broken through Protestant Reformation, brought about the exploration of the limits of human intellect in various dimensions.

The human perception of himself undergoes changes, leading him to realize that he was alone in the universe, that he was absolute master of his destiny and the only judge of his conduct. This burden was too oppressive for him to bear, inviting him to apathy, sadness and disbelief. Those melancholic feelings were grown as fashion by the musical elite of that time.

(Português)
Uma das razões porque a música renascentista de alaúde ainda não é muito popular é o seu carácter melancólico. O exemplo máximo dessa característica é a música do compositor inglês John Dowland, nascido em 1563 e contemporâneo de Shakespeare.

Porém, perante esse aparente paradoxo, pode-se perguntar: se o Renascimento, com o seu revolucionário interesse pelas Artes e pelas Ciências, tomou o lugar da sombria e obscura Idade Média, como é que a melancolia apareceu a impor-se como o sentimento musical dominante de uma época que, aparentemente, foi de luz e de descoberta para o ser humano?
Com as modificações e revoluções de pensamento ocorridas na Renascença, sobretudo nas Artes e nas Ciências, as explicações teológicas que imperavam na Idade Média passaram a ser desacreditadas e menos aceites, dando lugar à Ciência Experimental, como tentativa racional de descoberta e de compreensão do mundo.

O movimento cultural do Renascimento trouxe uma certa perda de referências do mundo medieval, fazendo simultaneamente a génese da libertação do indivíduo através da Razão, ou da Fé Protestante.
A melancolia aparece em pleno no campo da Filosofia e das Artes. Quando os paradigmas da fé, que davam ao Homem todas as respostas, foram quebrados através da Reforma Protestante, ocasionaram a exploração dos limites do intelecto humano em várias dimensões.

A percepção do Homem sobre si próprio sofreu mudanças, levando-o a tomar consciência de que estava só no Universo, que era senhor absoluto do seu destino e único juiz de sua conduta. Esse peso era demasiadamente opressor para que ele o carregasse, convidando-o à apatia, à tristeza e à descrença. Esses sentimentos melancólicos foram cultivados como moda pela elite musical renascentista.

Tuesday, August 18, 2009

Attaingnant Semester | Semestre Attaingnant

The new semester classes began last week. I’m extremely happy because I’ve felt that I reached a new degree of difficulty. In the lute classes I have a new challenge between hands: to play “Tant que Vivray” by Claudin de Sermisy, printed and arranged by Pierre Attaingnant, a music that I love and that I always considered an important step in learning to play the lute. At the end of the semester I’ll have to test my calm and control of emotions to try to present the music in a satisfactory manner.
In the Early Music band, we will present Gaillardes and Pavanas also by Pierre Attaingnant, arranged for four lutes. Attaingnant was the first person to use printing to compile music of several contemporary composers and french folk songs.
I’m also attending History of Music classes, which are a wonderful complement to all this path in Early Music. I feel that at the end of the year I will have made a big leap.

(português)
As aulas do novo semestre começaram na semana passada. Estou extremamente feliz porque senti ter chegado a um novo grau de dificuldade. Nas aulas de alaúde tenho um novo desafio entre mãos: tocar o “Tant que Vivray” de Claudin de Sermisy, impresso e arranjado por Pierre Attaingnant, uma música que adoro e que sempre considerei um passo importante na aprendizagem do alaúde. No final do semestre terei de testar o controlo das minhas emoções e da calma para tentar apresentar a música de uma forma satisfatória.
Na banda Antiga, vamos apresentar Gaillardes e Pavanas também de Pierre Attaingnant, arranjadas para quatro alaúdes. Attaingnant foi a primeira pessoa a usar a impressão para compilar música de vários compositores contemporâneos e música popular francesa.
Também estou a freqüentar aulas de história da música, que está a ser um complemento maravilhoso a todo este caminho na Música Antiga. Sinto que no final do ano vou ter dado um salto grande.

Tuesday, August 11, 2009

Bálint Bakfark, the first music superstar | Bálint Bakfark, a primeira super-estrela da Música

A relatively unknown lute composer is Bálint Bakfark (Valentin Bakfark), 1507-1576). Born in Hungary, Bakfark was a very influencial lutenist during his time, and recognized as a virtuoso of his instrument, and his services were disputed by wealthy European Courts.
Born in Braşov, Transylvania (now Romania), he was taken orphan to the Greff family and educated in Buda at the court of János Zapólya, king of Hungary. Bakfark remained there until 1540, although he may have travelled to Italy once during this period. During the 1540s he travelled to Paris, but found the position of king’s lutenist already filled, and so he left for Poland in 1549, where he became Court lutenist of Sigismund Augustus II. From there until 1566 he travelled extensively through Europe, with his fame increasing, but remaining faithful to his employer despite numerous efforts by other monarchs to win his services; the riches received from Sigismund may have affected his decision of remaining connected the Court in Wilno (Vilnius).
It is unknown exactly what happened in 1566, but clearly Bakfark must have done something that provoked the wrath of the king and he almost had no time to escape before the soldiers of polish army ransacked his home and destroyed his possessions. After that, he lived for some time in Vienna, then he returned to Transylvania, but not for long. In 1571 Bakfark went to Padua, Italy, where he remained until his death during the plague of 1576.
As was standard during that time, all the possessions of the plague victims were destroyed by fire, so all his manuscript music was lost.

Despite this terrible loss, a small part of the huge amount of music that Bakfark composed was printed: a common explanation was that the music was very difficult for others to play. His surviving works include ten fantasies, seven madrigais, eight chansons and fourteen motets - all with arrangements in beautiful polyphony for lute solo. Bakfark also transcribed motets by his contemporary composers such as Josquin Desprez, Clemens non Papa, Nicolas Gombert and Orlando di Lasso, arranged for lute.



Bálint Bakfark - Fantasia (Julian Bream 1966)

(português)
Um compositor de alaúde relativamente pouco conhecido é Bálint Bakfark (Valentin Bakfark), 1507-1576). Nascido na Hungria, Bakfark foi um alaúdista muito influencial durante o seu tempo, e reconhecido como virtuoso do seu instrumento, sendo os seus serviços disputados por ricas côrtes européias.
Nascido em Braşov, Transilvânia (hoje Romênia), foi levado órfão à família Greff e educado em Buda, na corte de János Zapólya, rei da Hungria. Bakfark permaneceu lá até 1540, apesar de ter possivelmente viajado a Itália uma vez durante esse período. Durante os anos 1540s viajou para Paris, mas encontrando a posição de alaúdista do rei já preenchida, partiu para a Polônia em 1549, onde se tornou alaúdista da corte de Sigismundo Augusto II. Daí até 1566 viajou extensivamente pela Europa, com a sua fama aumentando, mas permanecendo fiel ao seu patrão apesar dos numerosos esforços de outros monarcas para ganhar os seus serviços; as riquezas a ele agraciadas por Sigismundo podem ter afetado a sua decisão de se manter ligado à Corte em Wilno (Vilnius).
Não se sabe exatamente o que lhe aconteceu em 1566, mas claramente Bakfark deverá ter feito algo que provocou a ira do rei e por pouco não teve tempo para fugir antes que os soldados do exército da Polônia saqueassem a sua casa e destruíssem as suas posses. Após isso, viveu durante algum tempo em Viena, e depois voltou à Transilvânia, mas não por muito tempo; em 1571 foi para Pádua, na Itália, onde se manteve até sua morte durante a peste de 1576.
Como era norma durante esse tempo, todas as posses das vítimas da peste eram destruídas pelo fogo, por isso toda a sua música manuscrita foi perdida.

Apesar dessa perda terrível, uma pequena parte da enorme quantidade de música que Bakfark compôs foi impressa: uma explicação comum era que a música era muito difícil para outros tocarem. Os seus trabalhos sobreviventes incluem dez fantasias, sete madrigais, oito canções e catorze motetos – todos com arranjo em belíssima polifonia para alaúde solo. Bakfark também transcreveu motetos de compositores contemporâneos dele como Josquin Desprez, Clemens non Papa, Nicolas Gombert e Orlando di Lasso, arranjados para o alaúde.

Thursday, August 6, 2009

Pirate Movies and Vihuelas | Filmes de Piratas e Vihuelas

One of the things I love most in life is the sea and especially antique ships, where men faced their fears and met with their courage. I am sure that in most of the ships that went to sea from the sixteenth century to the "appearance" of the modern classical guitar in the mid-nineteenth century, there was a stringed instrument of the lute family. Personally, the sound of the lute transports me to the past, where I'm capable of swearing I hear the creak of wood and the sound of the wind in the sails and rigging.
It is interesting to see in some Hollywood movies that this detail was not forgotten. In the Roman Polanski movie "Pirates" (1986), the actress Charlotte Lewis in the role of the Spanish lady "Dolores", sings and plays the vihuela on the window of the "Neptune" galleon cabin. More recently, the Rolling Stones super-star Keith Richards, appeared in the last chapter of "Pirates of the Caribbean" as the father of Captain Jack Sparrow. For brief seconds, Richards plays on an instrument somewhat similar to the vihuela, but more probably a very old guitar, aged for the movie (an instrument that actually would only exist some 130 years after the time where the movie is set, in the 1720/30s).
I wonder if Mr. Gore Verbinksi will add a pirate lutenist in the fourth adventure of the “Black Pearl”.

(português)
Uma das coisas que mais adoro na vida é o mar e em particular os navios antigos, onde os homens enfrentavam os seus medos e se encontravam com a sua coragem. Tenho a certeza que na maioria dos navios que andavam no mar do Século XVI até ao “aparecimento” da moderna viola/violão, em meados do Século XIX, havia um instrumento de cordas da família do alaúde. Pessoalmente, o som do alaúde transporta-me para o passado, onde era capaz de jurar ouvir o ranger das madeiras e o som do velame e cordame ao vento.
É interessante ver que em alguns filmes de Hollywood, esse detalhe não foi esquecido. No filme “Piratas” (1986) de Roman Polanski, a actriz Charlotte Lewis, no papel da dama espanhola “Dolores”, aparece cantando e tocando vihuela à janela da cabine do galeão “Neptuno”. Mais recentemente, a super-estrela Keith Richards, dos Rolling Stones, apareceu no último capitulo dos “Pirates do Caribe/Piratas das Caraíbas” no papel de pai do Capitão Jack Sparrow. Por breves segundos, Richards toca algo num instrumento semelhante à vihuela, mas mais provavelmente um violão antigo e envelhecido para o filme (instrumento que na realidade só existiria uns 130 anos mais tarde do que a acção do filme, passada nos 1720/30s).
Pergunto-me se o senhor Gore Verbinski vai adicionar um alaúdista pirata à quarta aventura do “Pérola Negra”.

Baroque Music Recital | Recital de Música Barroca

Recital in honor of G.F. Handel, who died 250 years ago. In the program, one of his sonatas for flute, and works of Giuseppe Sammartini and Pietro Castrucci. The works of Bach and Marais, virtuosi of the keyboards and viola da Gamba, represent the best compositions for these instruments in the Baroque period. Isabel Favilla, flutist, is Master in music by the Royal Conservatory of Brussels. She plays regularly in Brazil, Europe and South America, and recorded a CD with Collegium Musicum Den Haag and Il Complesso Barocco. Currently, specializes in historical bassoon at the Royal Conservatory of The Hague. Raquel Chiarelli, viola da gamba, studied with Cecilia Aprigliano, Ricardo Rodriguez and Jonathan Dunford. She’s part of the groups Affectus, sonare and Terpsichore. She has played in Early Music festivals in Europe and South America. Ana Cecília Tavares is master in harpsichord by the Federal University of Rio de Janeiro. She specialized in Paris with Huguette Dreyffus. In France, she played in several cities. She won the VIth Eldorado Award for Music and recorded a solo album through Eldorado Label. She recorded with Estúdio Barroco, Trio Barroco de Brasília and the CD Bach/Froberger. She’s harpsichord teacher at the School of Music of Brasilia.

Location: Casa Thomas Jefferson - Asa Sul / SEP Sul EQ 706/906 Conjunto B BRASÍLIA – 21h00, free entrance.

(português)
Recital em homenagem a G.F. Händel, falecido há 250 anos. No programa, uma de suas sonatas para flauta doce, e obras de Giuseppe Sammartini e Pietro Castrucci. As obras de Bach e Marais, virtuosos do teclado e da viola da gamba, representam as melhores composições para estes instrumentos, no período barroco. Isabel Favilla, flautista, é Mestre em música pelo Conservatório Real de Bruxelas. Apresenta-se regularmente no Brasil, na Europa e América do Sul. Gravou CD com o Collegium Musicum Den Haag e Il Complesso Barocco. Atualmente, especializa-se em fagotes históricos no Conservatório Real de Haia. Raquel Chiarelli, viola da gamba, estudou com Cecília Aprigliano, Ricardo Rodríguez e Jonathan Dunford. Integra os conjuntos Affectus, Sonare e Terpsichore. Apresentou-se em festivais de música antiga na Europa e América do Sul. Ana Cecília Tavares é mestre em cravo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Especializou-se em Paris com Huguette Dreyffus. Na França, apresentou-se em diversas cidades. Venceu o VI Prêmio Eldorado de Música e gravou disco solo pelo selo Eldorado. Gravou com o Estúdio Barroco, Trio Barroco de Brasília e o CD Bach/Froberger. É professora de cravo na Escola de Música de Brasília.

Local: Casa Thomas Jefferson - Asa Sul / SEP Sul EQ 706/906 Conjunto B BRASÍLIA – 21h00, entrada franca.

Tuesday, July 21, 2009

STING | Songs from the Labyrinth

Lute classes are almost restarting, after a huge break, which inevitably had an impact in this blog. But I would like to recommend a spectacular album for this time of holidays, at least in the Northern Hemisphere.

"Songs from the Labyrinth", released by Deutsche Grammophon in 2006, is a compilation of some of the most famous songs of John Dowland (1563-1626), the melancholic English composer, exiled from his homeland for being Catholic. The big attraction is, however, the singer, the pop star Sting, accompanied by the lutenist Edin Karamazov.
This album is controversial for many Early Music purists, for a small number is even an abomination, inevitably associating the lute songs with voices of counter-tenors or groups of classical singers, highly trained in developing the voice. But in my personal opinion, the album gives a refreshing touch to the music of Dowland, often recorded on CD, and perhaps, it maybe even closer to what Dowland had in mind when he composed, because during that time, this type of music was played much more in private homes and even in the streets, than in Court. In the vast majority of times it would be sung by less sophisticated voices.
The production is perfect and the interpretation of Karamazov is, at least, inspired. Sting also includes an essay on how he discovered lute music, and between songs he reads excerpts of letters of the time. The effect is very pleasant, helping the listener to be sweetly taken to the beginning of the seventeenth century.

In the end, what makes me happier in this album is the huge amount of people who came to hear the music for lute, by CD or by the appearances of Sting and Karamazov on television. And I will always have this British singer in high regard for making this courageous rescue and for having risked his reputation to do so. Brilliant work!



(português)
As aulas de alaúde estão quase a começar, após uma enorme pausa, que inevitavelmente teve impacto neste blog. Mas gostaria de recomendar um álbum espetacular para esta época de férias, pelo menos no Hemisfério Norte.

“Songs from the Labyrinth”, lançado pela Deutsche Grammophon em 2006, é uma compilação de algumas das músicas mais famosas de John Dowland (1563-1626), o melancólico compositor inglês, exilado da sua terra natal por ser católico. A grande atração é, no entanto o intérprete, a estrela pop Sting, acompanhado pelo alaúdista Edin Karamazov.
Este álbum é polémico para muitos puristas da música antiga, para um pequeno número é até uma abominação, associando inevitavelmente as canções para alaúde com vozes de contra-tenores ou grupo de cantores eruditos altamente treinados no aperfeiçoamento da voz. Mas em minha opinião pessoal, o álbum dá um toque refrescante à música de Dowland, tantas vezes gravada em disco, e quiçá, talvez até seja mais próximo do que Dowland tinha em mente quando compôs, pois durante essa época, esse tipo de música era tocada muito mais em casas particulares e até nas ruas, do que na côrte. Na vasta maioria das vezes seria até cantada por vozes menos sofisticadas.
A produção é perfeita e a interpretação de Karamazov é no mínimo inspirada. Sting ainda inclui um ensaio sobre como descobriu a música de alaúde e lê excertos de cartas da época entre algumas músicas. O efeito é bem agradável, ajudando o ouvinte a ser docemente levado até ao início do século XVII.

No final, aquilo que me deixa mais feliz neste álbum, é a quantidade enorme de gente que passou a conhecer a música de alaúde, pelo CD ou pelas aparições de Sting e Karamazov na televisão. E sempre terei o cantor britânico em grande consideração por ter feito esse corajoso resgate e ter arriscado a sua reputação para o fazer. Brilhante trabalho!

Monday, July 13, 2009

1000 visits reached | 1000 visitas atingidas

Yesterday this humble blog has reached an important milestone, with 1000 visits reached in five months, from 32 diferent countries. I would like to thank all visitors and people interested in Early music and this wonderful instrument in particular, and wish that God bless you all.

To my surprise, the blog "Lute - the instrument" was among the 100 most voted blogs by the brazilian “Top Blog” prize (www.topblog.com.br), in the "music" category. My thanks to the "Top Blog" Portal managers.

(português)
Ontem este humilde blog atingiu um marco importantíssimo, com 1000 visitas atingidas em cinco meses, de 32 países diferentes. Gostaria de agradecer a todos os visitantes e interessados em música antiga e neste maravilhoso instrumento em particular, e desejo que Deus vos abençoe a todos.

Para minha surpresa, o blog “lute – the instrument” ficou entre os 100 blogs mais votados pelo prémio brasileiro TOP BLOG (www.topblog.com.br), categoria “música”. Meus agradecimentos aos gestores do portal "Top Blog"

Friday, June 26, 2009

The lute in "The Tudors" | O alaúde em "os Tudors"

Last week I was told that there was a TV series about the sixteenth century, where a character played Greensleeves on the lute. I understood it should be “the Tudors". I went to a discount store and bought the two seasons that were on sale.
Until now, I saw about 7 episodes, and in general I liked, especially for showing lutes in all the episodes and a light music for the instrument in the background of the scenes.

However, of course, I was horrified by the director’s freedom in creating an alternative historical reality to Portugal, when Henry VIII sister traveled to Lisbon, in a computer-made ship (looking like a Roman assault tower) to marry the "decrepit and with gout" Portuguese king. In the end of the episode, the English princess suffocates King Manuel I with a pillow, to run away with the English nobleman, which as all Englishmen of the time, was a model and didn’t have any trace of body hair. The Portuguese court, filled with extras ugly as fear, was a small hall with some tropical themes.

Indeed, in 1520, when the story is set, Lisbon was the capital of Europe, vibrant with trade, art and wealth. At that time the Portuguese Court was the pomp and ostentation, with embassies to the Pope, with elephants and rhinos. Lisbon was the oriental exotism, the spices, the porcelain from China and the pole that distributed the goods in northern Europe and the Mediterranean.

Beyond this surreal moment in the series, I saw that the extras that are playing the lute are not lutenists. Up to episode 6, they all used the instrument with the neck to the right side, and the first episode I saw someone using the lute correctly, the extra was playing as a guitarist and without using the figueta technique.

Historical Consultant: Adelino Costa

(português)
A semana passada disseram-me que havia uma série de TV passada no século XVI, onde uma personagem tocava o Greensleeves no alaúde. Percebi que deveria ser “os Tudors”. Fui a uma loja de descontos e comprei as duas temporadas que havia à venda.
Até agora, vi uns 7 episódios, e no geral gostei, principalmente por mostrarem alaúdes em todos os episódios e leve música de fundo para esse instrumento nas cenas.

No entanto, claro, fiquei horrorizado com a liberdade do director em criar uma realidade histórica alternativa para Portugal, quando a irmã de Henrique VIII viajava para Lisboa, dentro de uma nau feita em computador (mais parecida com uma torre de assalto romana) para se casar com o rei português, “decrépito e com gota”. No final do episódio, a princesa inglesa sufoca o rei Manuel I com uma almofada, para fugir com o nobre inglês, que como todos os ingleses da época, era modelo e não tinha vestígio de pelos corporais. A côrte portuguesa, repleta de figurantes feios como o medo, era um pequeno salão com alguns temas tropicais.

Na realidade, em 1520, na altura em que se passa a história, Lisboa era a capital da Europa, vibrante de comércio, arte e riqueza. Naquele tempo a Corte portuguesa era o fausto e a ostentação, com embaixadas ao Papa com elefantes e rinocerontes. Lisboa era o exotismo oriental, as especiarias, as porcelanas da China e o polo que distribuia as mercadorias pelo Norte e pelo Mediterrâneo.

Para além desse momento surreal da série, vejo que os figurantes que tocam alaúde não são alaúdistas. Até ao episódio 6, todos eles usavam o instrumento com o braço para o lado direito, e no primeiro episódio que vi alguém usar o alaúde corretamente, o figurante estava tocando como um guitarrista e sem utilizar a técnica da figueta.

Consultor histórico: Adelino Costa

Wednesday, June 17, 2009

Moving to a new apartment | Mudando para um novo apartamento

It seems like 1 year has passed since I published the last post, but in reality were only a few days, in which was doing the role of a mule, carrying things from a rented house to a new apartment.
Nothing extraordinary happened, unless when I was bitten by a blackfly and one of my erudite fingers of lutenist got like a potato for two days.
Interesting that in my internet navigations, I found the Early Music Week in UFMG - Federal University of Minas Gerais, where, to my happiness, the French lutenist, Vincent Dumestre, will to give lessons. I will announce that event here and make a small report about the experience later.

(português)
Parece que se passou 1 ano desde que publiquei o último post, mas na realidade foram apenas uns dias, em que estive a fazer o papel de mula, transportando coisas de uma casa alugada para um apartamento novo.
Nada de extraordinário aconteceu, a não ser quando um borrachudo me picou e um dos meus eruditos dedos de alaúdista ficou parecido com uma batata por dois dias. Interessante que nas minhas navegações pela net, encontrei a semana da música antiga na UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais, e onde, para minha felicidade, estará o alaúdista francês, Vincent Dumestre, a dar aulas. Anunciarei esse acontecimento aqui e mais tarde farei uma pequena reportagem sobre a experiência mais tarde.

Monday, June 8, 2009

Method for the Baroque Lute | Método de Alaúde Barroco

Miguel Yisrael is a Portuguese lutenist based in Paris, who launched his first CD in 2008 through the Dutch label "Brilliant Classics".
He earned his degree in classical guitar in 1994 and in the following year he moved to Paris where he studied lute with Claire Antonini in the Department of Early Music of the "Conservatoire Supérieur de Paris - CNR”, and from 1999 to 2004, completed his studies at the Schola Cantorum Basiliensis in Basel-Switzerland, with the mythical Hopkinson Smith. Miguel Yisrael appears as a soloist in recitals around the world.

Miguel Yisrael is now launching a method for the baroque lute, which is truly unique in the panorama of Early music. Much like this blog, the method is aimed at a wide range of people interested in the lute, from the experienced players, to beginners and those who are still considering learning.

The publication is divided into three parts: the first is primarily theoretical, including explanation of tablature, understanding of the instrument and biographies of musicians. The second part is directed to the study of the technique and production of sound, having 21 elementary exercises of increasing difficulty at the end and a few pieces. The third and last part contains 250 selected pieces for the 11 and 13-course baroque lute, divided into 3 levels of difficulty.

As a personal opinion, I ordered this book and it is excellent. You cannot get the richness and detail of information nowadays, compiled and taught in a clear and objective way, better than this. Already indispensable for a modern lute student and maybe your best solution if you do not have the privilege of having a lute teacher relatively close to your home.

The method of Baroque lute includes dozens of photos in detail, and is available in English and French. 356 pages - Editions "Ut Orpheus", Italy, 2008.


(português)
Miguel Yisrael é um alaúdista português com base em Paris, que lançou o seu primeiro CD em 2008 pela distribuidora holandesa “Brilliant Classics”.
Obteve o seu diploma em guitarra clássica, em 1994 e no ano seguinte mudou-se para Paris onde estudou alaúde com Claire Antonini no Departamento de Música Antiga do “Conservatoire Supérieur de Paris”-CNR, e de 1999 a 2004, completou os seus estudos na Schola Cantorum Basiliensis, em Basel na Suíça, com o mítico Hopkinson Smith. Miguel Yisrael apresenta-se como solista em recitais por todo o mundo.

Miguel Yisrael lança agora um método para alaúde barroco, que é verdadeiramente original no panorama da música antiga. Muito como este blog, o método é voltado para um leque alargado de pessoas interessadas no alaúde, desde os músicos experimentados, até aos iniciantes e àqueles que ainda estão considerando aprender.

A publicação está dividida em três partes: a primeira é, sobretudo teórica, incluindo explicação sobre tablatura, compreensão do instrumento e biografias de músicos. A segunda parte é direcionada para o estudo da técnica e produção do som, tendo no final, 21 exercícios elementares de dificuldade crescente e algumas peças. A terceira e última parte contem 250 peças selecionadas para o alaúde barroco de 11 e 13 ordens, divididas em 3 graus de dificuldade.

A título de opinião pessoal, encomendei este livro e ele é excelente. Você não poderá obter esta riqueza e detalhe informativo hoje em dia, compilado e ensinado clara e objetivamente, de uma maneira melhor que esta. Já indispensável para um estudante de alaúde moderno e talvez a sua melhor solução, se não tiver o privilégio de ter professor relativamente perto de sua casa.

O método de Alaúde Barroco inclui dezenas de fotos em detalhe, e está disponível em inglês e francês. 356 páginas - Edições “Ut Orpheus”, Itália, 2008.

Friday, May 29, 2009

Internet Downloads | Downloads da Internet

I would like to share my views on the so called "piracy" on the Internet. I have downloaded music from the Internet, moreover, I believe all the people I know have already done so to a greater or lesser degree. It seems to me something resulting of a new technology, of a new way of playing the music in the comfort of home, car or iPod, which are the artists who should adapt and worry about and not the consumer.

We note that many artists, who should worry about the quality of their product - the music - are actually concerned about their sales without regard to the consumer. What is important is the sale, even to the point of putting in the CD some laws by which I can hear the product where I spent my money (so it is mine) but I can not re-record, put on the net, ultimately, do whatever I want with something that is my property.

I leave a personal example that I still didn’t hear on radio or TV. The overwhelming majority of CD's I bought from my adolescence until now have been through personal discovery. My curiosity led me to ask to listen to strange CDs in stores and in recent years, to download songs from the net, that when please me, make me want to buy those CDs. That is, hundreds of artists had their CDs purchased after I have heard their music on the Internet.

If some people download from the Internet without buying the product, isn’t there are others who use the Internet to check the quality of the songs? Funny that the most severe critics that I’ve heard to the tens of millions of people who are supposed "Internet pirates", came from small expression artists, mostly because they’re overcome in time and have difficulty in embracing the new technologies and new characteristics of the market.
I wonder if U2 or Madonna cares about the music downloading from the Internet? And what about the obscure artist in Central Asia, that launches a CD through a tiny label? Isn’t he going to be delighted that many people around the world now have a way to hear his music, and even buy it in the Internet?

I remember two respected Heavy Metal bands that on the subject of internet downloads, said: "Our business is live concerts", if people download our albums from the internet, great! The concert halls will be filled with more new fans."

(português)
Gostaria de partilhar convosco o meu ponto de vista sobre a chamada “pirataria” na Internet. Eu já baixei música da Internet, aliás, creio que todas as pessoas que conheço já o fizeram em maior ou menor grau. Parece-me algo conseqüente de uma nova tecnologia, de uma nova maneira de tocar a música no conforto de casa, do carro ou do iPod, da qual são os artistas que se devem preocupar e adaptar e não o consumidor.

Notamos que muitos artistas, que se deveriam preocupar com a qualidade do seu produto - a música - estão na realidade preocupados com as suas vendas sem respeito com o consumidor. O importante é a venda, chegando a ponto de colocar no CD algumas leis, segundo as quais eu poderei ouvir o produto onde gastei o meu dinheiro (portanto, é meu), mas não posso regravar, colocar na net, enfim, fazer o que bem entendo com algo que é minha propriedade.

Deixo um exemplo pessoal, que creio que ainda não ouvi na TV ou na rádio. A esmagadora maioria dos CD’s que comprei desde a minha adolescência até hoje foram através de descoberta pessoal. A minha curiosidade levou-me a pedir para ouvir CDs estranhos em lojas e nos últimos anos, a sacar músicas da net, que quando me agradam, me levam a querer comprar CDs. Ou seja, centenas de artistas viram os seus CDs comprados depois de eu ter ouvido as suas músicas na Internet.

Se alguns sacam da Internet sem comprar o produto, não há outros que aproveitam a Internet para fazer uma triagem da qualidade das músicas? Engraçado que as críticas mais pesadas que já ouvi às dezenas de milhões de pessoas que são supostos “piratas da Internet”, vieram de artistas de pouca expressão, mais por estarem ultrapassados no tempo e terem dificuldade em abraçar as novas tecnologias e as novas características do mercado.
Pergunto se os U2 ou a Madonna se preocupa com o download de músicas na Internet? E o artista obscuro na Ásia Central que lança um CD através de uma editora minúscula? Não agradecerá o fato de muita gente espalhada pelo mundo ter agora uma maneira de conhecer a sua música, e até de a comprar pela Internet?

Lembro-me de duas respeitadas bandas de Heavy Metal que sobre o assunto dos downloads, diziam: “O nosso negócio são os concertos ao vivo”, se as pessoas sacarem os nossos álbuns da net, óptimo, as salas de concerto estarão mais cheias com novos fãs”.

Tuesday, May 19, 2009

EDIN KARAMAZOV – The Lute is a Song

Edin Karamazov is a Bosnian lutenist (born in 1965 in Zenica). He studied with Hopkinson Smith at the Schola Cantorum Basiliensis and worked with various musical projects, soloists and groups, including Sting, Hespèrion XXI and Andreas Scholl.

Edin Karamazov stands out for its artistic and a wide-ranging approach, bringing to his archlute, works composed for other instruments, such as the "Nocturne" by Benjamin Britten and the “Partita in D Minor” by Johann Sebastian Bach. However, it was with his collaboration with the pop star Sting who gained wider projection, in the album "Songs from the Labyrinth" - Renaissance Music by John Dowland with the less erudite voice of Sting.

Edin Karamazov is now launching a solo CD for Decca, titled "The lute is a song." As in his previous recordings, the lutenist offers a differentiated approach on the traditional music for lute, taking the instrument out of the purist environments and embracing other musical genres, which in my view refreshes the entire landscape of lute music, sometimes criticized for being dull, thus keeping the instrument alive and interesting, while gaining more audiences.

"The lute is the song" includes music from the Renaissance to nowadays, classical but with a folk and pop touch, beginning with an unusual electric guitar music (Paisaje Cubano con rumba) by Leo Brouwer and including the participation of four of the most important voices of the world, Andreas Scholl, Renée Fleming, the Macedonian singer Kaliopi and Sting.
Among the songs chosen for the CD, is a fabulous interpretation of the famous “Toccata and Fuga in D minor” by Johann Sebastian Bach. Included is also a version of the Turkish Koyunbaba by Carlo Domeniconi in baroque lute and a Zamboni sonata for the more conservative public.

This is one of the best CDs I ever heard in my life and that will stir emotions in you, just listen to "Oh Lord, whose Mercies are numberless" by Händel with Edin Karamazov’s archlute and the incredible voice of the countertenor Andreas Scholl and you will receive the perfect absolution.



(português)
Edin Karamazov é um alaúdista bósnio (nascido em 1965 em Zenica). Estudou com Hopkinson Smith na Schola Cantorum Basiliensis e trabalhou com diversos projectos musicais, solistas e agrupamentos, incluindo Sting, Hespèrion XXI e Andreas Scholl.

Edin Karamazov destaca-se por sua abordagem artística bem mais abrangente, trazendo para o seu arquialaúde obras compostas para outros instrumentos, como são exemplos o “Nocturno” de Benjamin Britten e a partita em Ré Menor de Johann Sebastian Bach. No entanto, foi com a sua colaboração com a estrela pop Sting que ganhou bastante projeção, no álbum “Songs from the Labyrinth” – Música renascentista de John Dowland com a voz menos erudita de sting.

Edin Karamazov lança agora um CD solo pela DECCA, entitulado “The lute is a song”. Como no seu anterior registo discográfico, o alaúdista apresenta uma abordagem diferenciada sobre a tradicional música para alaúde, tirando o instrumento dos ambientes puristas e abraçando outros gêneros musicais, que no meu entender refresca toda a paisagem musical do alaúde, por vezes criticado de monótono, mantendo assim o instrumento vivo e interessante, enquanto conquista maiores audiências.

“The lute is a song” engloba música desde o Renascimento aos dias de hoje, clássico mas com um toque folk e pop, começando logo com uma invulgar música em guitarra elétrica (paisaje Cubano com rumba) de Leo Brouwer e incluindo a participação de quatro das mais importantes vozes do mundo, Andreas Scholl, Renée Fleming, a cantora macedônia Kaliopi e Sting.
Entre as músicas escolhidas para o CD, está uma fabulosa interpretação da famosa Toccata e Fuga em Ré menor de Johann Sebastian Bach. Incluídas estão também uma versão em alaúde barroco da Koyunbaba turca de Carlo Domeniconi e uma sonata de Zamboni para o público mais conservador.
Este é um dos melhores CDs que já ouvi na minha vida e que com certeza o irá emocionar, ouça “Oh Lord, whose mercies are numberless” de Händel com o arquialaúde de Edin Karamazov e a voz inacreditável do contratenor Andreas Scholl e receberá a perfeita absolvição.

Thursday, May 14, 2009

Greensleeves by Moonlight | Greensleeves ao Luar

During this week, the full moon appeared before the semi-clouded sky, and the first image that came to my mind while seeing that amazing phenomenon, was the "Queen of the Night" from Mozart’s "Magic Flute", especially in the “Amadeus” movie.

And what if the stage was the silent earth without human hurry, and the universe was watching, behind the curtain-clouds and the moon, stars, galaxies!

A few years ago, while the world was sleeping, I used to seize the huge moonlight that stood in front of my window in Lisbon, lighting up the Tagus River, awaking and playing the adagio sustenuto of Beethoven’s Moonlight Sonata. The combination of divine music with the hypnotic natural phenomenon, although obviously by the title of the piece, was so powerful. And thus I would let myself be bewitched by that sweet tide, as a galleon through dawn...

Thus, yesterday I played the lute for this sublime theatre, and in a mysterious way my fingers played with feeling even those songs which are still a challenge, as if the energy of the night, silent and amazing, was tutor of my fingers on the instrument.

(português)
Durante esta semana, a Lua cheia apareceu diante do céu semi-enevoado, e a primeira imagem que me veio à cabeça ao ver esse incrível fenômeno, foi a “Rainha da noite” da “Flauta Mágica” de Mozart, sobretudo no filme “Amadeus”.

E se o palco fosse a terra silenciosa sem azáfama humana, e o universo estivesse assistindo, atrás das nuvens-curtinas e da Lua, estrelas, galáxias!

Há uns anos, enquanto o mundo dormia, eu aproveitava o Luar gigantesco que se erguia em frente da minha janela, em Lisboa, iluminando o Rio Tejo. Levantava-me e tocava o adágio sustenuto da Sonata ao Luar de Beethoven. A combinação da música divina com o hipnótico fenômeno natural, embora óbvia pelo titulo da peça, era poderosíssima. E assim eu me deixava levar enfeitiçar por aquela doce maré, como um galeão pela madrugada...

Foi assim que ontem toquei alaúde para esse sublime teatro, e de forma misteriosa os meus dedos tocaram com o sentimento mesmo aquelas músicas que ainda são um desafio, como se a energia da noite, silenciosa e espantosa, fosse tutora dos meus dedos sobre o instrumento.

Sunday, May 10, 2009

The OUD, father of the European Lute | o OUD, pai do alaúde europeu

In the year of 711, a line of highly advanced Muslims invaded the poorly defended Iberian Peninsula and established the Caliphate of Al-Andalus.
The Arabs, among many things, established in the peninsula the taste for arts and the erudite cult of a musical instrument called "oud" ("Ud" in some countries) that later would originate the European lute. They were also the first to establish a music conservatory in Spain by the virtuoso of that time, Zyriab.

As the picture shows, this instrument also has a half-pear shape and to date is commonly used in music of the Middle East and Eastern Mediterranean countries. It differs from the European lute for not having frets (traces on the neck of the instrument) and because it is played with a plectrum (pick).

The oldest image of an Oud dates back to 5000 years ago, in the current city of Nassiriyah in Iraq. This detail caused me enormous impact, because it is possible to imagine the ancient civilizations of the Middle East and Mediterranean already using chordophones (string instruments) in their music. From the Sumerians, Acadians, Persians, Babylonians, Assyrians, Armenians, Greeks, Egyptians and Romans, to the Turks, who later brought the Oud to the battles, by the belief in the magical powers of this instrument.


(português)
No ano de 711, uma linhagem de muçulmanos extremamente avançados invadiu a Península Ibérica mal defendida e estabeleceu o Califado de Al-Andalus.
Os árabes, entre muitas coisas, estabeleceram na Península o gosto pelas artes e o culto erudito de um instrumento musical chamado “oud” (“Ud” em alguns países) que mais tarde daria origem ao alaúde europeu. Foram também os primeiros a estabelecer em Espanha um conservatório de música através do virtuoso da época, Zyriab.

Como a imagem mostra, este instrumento também tem formato de meia-pêra e até aos dias de hoje é comumente usado na música do Médio Oriente e países do Mediterrâneo Oriental. Distingue-se do alaúde europeu por não ter trastes (traços no braço do instrumento) e por ser tocado com palheta.

A imagem mais antiga de um Oud remonta a 5000 anos atrás, na atual cidade de Nassiriyah no Iraque. Esse detalhe causou-me enorme impacto, pois é possível imaginar as civilizações da Antiguidade no Médio Oriente e Mediterrâneo já usando cordofones (instrumentos de corda) na sua música. Dos Sumérios, Acadianos, Persas, Babilônios, Assírios, Armémios, Gregos, Egípcios e Romanos até aos Turcos, que mais tarde traziam o Oud para as batalhas, pela crença nos poderes mágicos desse instrumento.

Thursday, April 30, 2009

My album of the mornings | Meu album das manhãs

I am a lover of ethnic music and have a special taste for music that goes from the cultures of the Mediterranean Basin to India, mainly from Turkey to Pakistan, Passing through ancient Persia.
Although my collection of ethnic music is still minimal, mainly of music related to the lute, I highlight an album that I like to hear after waking or during the morning:
"Rhythms OF Baghdad" by Ahmed Mukhtar and Sattar Al-Saadi. It is a wonderful disc, profound, of fusion between an immensely expressive Oud* and an incredible percussion, which leads us to the ancient bazaars, mosques and tea houses of Baghdad, leaving us a little glimpse of the cultural aspects of Iraq, where the musicians are native.

Born in the Iberian Peninsula, in an ancient and great city, whose narrow streets, a thousand years ago could be confused with any city in the Abbasid period, I can’t but feel the depth of this disc. The musicians, from the glorious capital of that vast disappeared empire, accurately capture my personal vision of the territory of Al-Andalus, governed by a highly advanced line of Muslims, which after all, brought the art to this land as we know it today.

I awake and look at the landscape, the sun warms me and "rhythms of Baghdad" transports me to a world where everything is possible, to live together and share the best of the human spirit among all world cultures without being pulled to one side of the barricade of the current intolerance between peoples.

* The Oud is the "father" of the European lute, an instrument from the Middle East, illustrated in the cover of "Rhythms of Baghdad" and that will be the theme of the next entry in this blog.

(português)
Sou um amante de música étnica e tenho um gosto especial pela música que vai das culturas da Bacia do Mediterrâneo até à Índia, sobretudo da Turquia ao Paquistão, passando pela antiga Pérsia.
Embora a minha coleção de música étnica ainda seja mínima, principalmente da música ligada ao alaúde, destaco um álbum que gosto de ouvir depois de acordar ou então durante a manhã:
“RHYTHMS OF BAGHDAD” de Ahmed Mukhtar e Sattar Al-Saadi. É um disco maravilhoso, profundo, de fusão entre um Oud* imensamente expressivo e uma percussão inacreditável, que nos leva aos antigos bazares, mesquitas e casas de chá de Baghdad, deixando-nos vislumbrar um pouco dos aspetos culturais do Iraque, de onde os músicos são nativos.

Nascido na Península Ibérica, numa antiga e grande cidade, cujas ruas estreitas, há mil anos se confundiriam com qualquer cidade do período abássida, não posso deixar de sentir a profundidade deste disco. Os músicos, originários da gloriosa capital desse vasto império desaparecido, captam com precisão a minha visão pessoal do território de Al-Andalus, governado por uma linha de muçulmanos altamente avançados, que no final das contas, trouxeram a arte para essa terra como a conhecemos hoje.

Acordo e olho a paisagem, o Sol aquece-me e “rhythms of Baghdad” transporta-me para um mundo onde tudo é possível, conviver e partilhar o melhor do espírito humano entre todas as culturas mundiais sem sermos puxados para um dos lados da barricada da atual intolerância entre povos.

*o Oud é o “pai” do alaúde europeu, instrumento originário do Médio Oriente, ilustrado na capa do “Rhythms of Baghdad” e que será tema da próxima entrada neste blog.

Thursday, April 23, 2009

EL CORTESANO - "Si me llaman..." Presentation Concert | Concerto de apresentação










EL CORTESANO invites you to the presentation concert of their latest album, "Si me llaman ..." The presentation will take place on Saturday April 25, at 20hs, in the auditorium of Caja Madrid, located in the building of the Casa de las Alhajas (just opposite the monastery of Las Descalzas in the Plaza San Martín) and you can enter through a side street, Hileras, Madrid.

www.elcortesano.com

Personal note: If you are anywhere inside a 2.000km radius of this event, please do yourself a favor and do not miss it! Pick a bus or a fast train, Madrid has excellent transport connections


EL CORTESANO Si la noche haze oscura

(português)
EL CORTESANO convida-o/a para o concerto apresentação do seu último álbum, "Si me llaman ..." A apresentação terá lugar no sábado, dia 25 de abril às 20hs, no auditório da Caja Madrid, localizado no edifício da Casa de las Alhajas (em frente ao Mosteiro de las Alhajas, na Plaza San Martín) e entra-se por uma rua lateral, Hileras, Madrid.

www.elcortesano.com

Nota pessoal: Se você estiver algures dentro de um raio de 2,000km deste evento, por favor faça um favor a si próprio/a e não perca! Use o “autobus” ou o comboio rápido, Madrid têm excelentes ligações de transporte.

Wednesday, April 22, 2009

Weiss at J.S. Bach’s house | Weiss em casa de J.S. Bach

Sylvius Leopold Weiss, the most famous lutenist of Europe, and Johann Sebastian Bach, with all probability already knew each other by name even before they met. One of Bach’s sons, Wilhelm Friedemann, became organist of Sophienkirche of Dresden in 1733, where he made friends with Weiss. From that point on, Bach and Weiss must have met several times.

During 1739, Weiss and his main apprentice, Johann Kropfgans, stayed in Leipzig with Wilhelm Friedemann for four weeks, and visited the house of J.S. Bach frequently. Johann Elias Bach, who worked as private secretary to Bach mentions the visit in a letter to the "Cantor" J.W. Koch:

"….so I certainly hoped to have the honour of speaking to my brother; I wished it all the more because just at that time there was extra special music while my cousin from Dresden (Wilhelm Friedemann) who was present here for four weeks, together with the two famous lutenists, Herr Weiss and Herr Kropfgans, played at our house several times…."

It is known that J.S. Bach had a great taste for the lute, and based on his close relationship with a circle of professional and amateur lutenists of the time, he modified an harpsichord placing gut-strings in the manner of the lute, which became known as a "Lautenwerk". It was said that the sound heard could cheat the best lutenists, and it was the instrument in which Bach played Weiss’s sonatas. Bach’s music for lute, composed in this lute-harpsichord, is for this reason, technically difficult, and sometimes require a different tuning.

Testimony of the admiration that Bach had for Weiss was the arrangement that Bach made of Weiss’s Sonata No. 47 in A Major for his suite for harpsichord and violin - BWV1025, which may have originated from one of these historic meetings.

Fifty-five years after the deaths of J.S. Bach and Weiss, in 1805, J.F. Reichart reported that J.S. Bach and Weiss have been involved in a friendly challenge ...

"Anyone who knows how difficult it is to play harmonic modulations and good counterpoints on the lute will be surprised and full of disbelief to hear from eyes-witnesses that Weiss, the great lute-player, challenged JS Bach, the great harpsichord and organ-player, by playing fantasies and fugues."


(português)
Sylvius Leopold Weiss, o alaúdista mais famoso da Europa, e Johann Sebastian Bach, com toda a probabilidade já se conheceriam de nome mesmo antes de se encontrarem. Um dos filhos de Bach, Wilhelm Friedemann, tornou-se organista da Sophienkirche de Dresden em 1733 onde travou amizade com Weiss. A partir desse ponto, Bach e Weiss deverão ter-se encontrado por diversas vezes.

Durante 1739, Weiss e seu principal aprendiz, Johann Kropfgans, estiveram com Wilhelm Friedemann em Leipzig por quatro semanas, tendo visitado a casa de J.S. Bach freqüentemente. Johann Elias Bach, que trabalhava como secretário privado de Bach menciona a visita numa carta ao “Cantor” J.W.Koch:

"... por isso eu certamente esperava ter a honra de falar com o meu irmão; eu desejava isso ainda mais porque justo durante esse tempo havia música extra especial enquanto o meu primo de Dresden (Wilhelm Friedemann) que estava presente aqui por quatro semanas, junto com os dois famosos alaúdistas, Senhor Weiss e Senhor Kropfgans, tocaram na nossa casa várias vezes...”

É sabido que J.S.Bach tinha um grande gosto pelo alaúde, e baseado no seu relacionamento estreito com um circulo de alaúdistas profissionais e amadores da época, chegou a modificar um cravo colocando cordas de tripa à maneira do alaúde, que ficou conhecido como “Lautenwerk”. Dizia-se que o som enganava o ouvido até dos melhores alaúdistas, e era o instrumento onde Bach tocava as sonatas de Weiss. A música de Bach para alaúde, composta neste cravo-alaúde, é por essa razão, tecnicamente difícil, sendo por vezes necessária uma afinação diferente.

Testemunho da admiração de Bach por Weiss foi o arranjo que Bach fez da Sonata nº47 em Lá Maior de Weiss para a sua suíte para cravo e violino, BWV1025, que poderá ter tido a origem num desses encontros históricos.

Cinqüenta e cinco anos depois da morte de J.S.Bach e Weiss, em 1805, J.F.Reichart relata que J.S.Bach e Weiss se terão envolvido num desafio amigável...

"….Alguém que saiba o quanto é difícil tocar modulações harmônicas e bom contraponto no alaúde ficará surpreendido e incrédulo ao ouvir com olhos-testemunha que Weiss, o grande alaúdista, desafiou J.S.Bach, o grande cravista e organista, a tocar fantasias e fugas.”

Friday, April 10, 2009

The nervousness of a recital | O nervosismo de um recital

Last year I made my first appearance in public, that didn’t go well and my confidence was shaken for some time.
The songs were easy, of those that I played with my eyes closed while watching comedy on TV, but with the presentation time approaching I started to get anxious. It was alright, because our Early Music group would play some songs first from "Cancioneiro Musical de Belém” – Portuguese Music from the end of the Fifteenth Century.

In about 20 minutes to the start of the presentations, I received the recital programme and there was my name and title of the songs that I was going to play. But according to the programme, I would play alone before playing with the Early Music group. Anxiety turned into nervousness. And the people who were coming to see me? Seemed like they would never appear, so I went running to the park to see if they were coming. My time was approaching, the heat inside the small room with about 40 people was unbearable, and I, the only student that day dressed in choir boy uncomfortable clothes, began to sweat uncontrollably.

My turn came, and the teacher, proudly announced that directly from Lisbon-Portugal I would play for them. As sweat slided down my face, I thought I could not fail, there I had to be the Jimmy Hendrix of the lute, nothing less.

There was no problem facing the eyes of those 40 people and other colleagues fixed on me, but for my bad luck, my left hand declared independence and began to tremble, and I went down as Titanic, with that Jedi mental strength holding the itching from the sweat in my face.

Some weeks passed and I began to feel uncomfortable to have stopped before a difficulty. I decided to face the "panic" of playing in public. Reflecting on the students’ recital, I discovered in me some flaws and natural inadequacies of someone who is still in the first half of the lute course. Moreover, it was the first time in several years that I played in public and that chair where I sat, was a lonely place.

I came to the conclusion that I was not concentrated in the music, but on what people were thinking. It is interesting to notice that when the hand trembles a bit, we tend to give importance to this factor and so it starts trembling more. In that way, we get more nervous in a chain reaction that has disastrous results. It would help relax doing some breathing exercises to help reduce the level of anxiety and not try to be a virtuoso. Not make a "traffic fine" face when something goes wrong, because often the public doesn’t realize.
I noticed that when we perform, we must play songs from last semester, because we have more security and when we get "turbulence" in the hand, we can always turn the "auto-pilot" on, which was formed during the long hours of study.

I talked with other colleagues in the Early Music Nucleus on the nervousness of a recital and noticed that everyone passed through the same situation. However, for everybody it was essential to play more often in public to dissipate the nervousness. The ideal was to do open rehearsals to students and friends, playing at home for family members, because skipping that stage is often a cause of paralyzing nervousness before the audience. It’s a very important exercise, because we notice how our body reacts and we can find some factors that may increase the nervousness, which are usually natural and we must learn to live with them and not turn them into boogeymen.

For Eternity: " The secret of success is going from failure to failure without loss of enthusiasm. - Winston Churchill


(português)
No ano passado fiz a minha primeira apresentação em público, que não correu bem e a minha confiança ficou abalada durante algum tempo.
As músicas eram fáceis, daquelas que eu tocava de olhos fechados enquanto via comédia na TV, mas com o aproximar da hora da apresentação comecei a ficar ansioso. Tudo bem, pois o nosso grupo de música antiga ia apresentar-se primeiro para tocar músicas do “Cancioneiro Musical de Belém” – Música portuguesa dos finais do século XV.

A uns 20 minutos para o início das apresentações, recebi a programação do recital e lá estava o meu nome e o título das músicas que eu iria apresentar. Mas segundo a programação, eu tocaria sozinho antes de tocar com o grupo de música antiga. A ansiedade transformou-se em nervoso. E as pessoas que me vinham ver? Nunca mais apareciam, tanto que cheguei a correr até ao estacionamento para ver se estavam a chegar. A minha vez aproximava-se, o calor dentro da pequena sala com umas 40 pessoas era insuportável e eu, o único aluno naquele dia vestido com roupa desconfortável de menino de coro, comecei a transpirar incontrolavelmente.

Surgiu a minha vez, e o professor, orgulhoso, anuncia que directamente de Lisboa-Portugal eu iria tocar para eles. Enquanto o suor me corria pela cara, eu pensava que não poderia falhar, eu tinha de ser ali o Jimmy Hendrix do alaúde, nada menos.

Não foi problema enfrentar o olhar fixo daquelas 40 pessoas e de outros colegas meus fixados em mim, só que para meu azar a minha mão esquerda declarou independência e começou a tremer, e eu fui a pique como o Titanic, com aquela força mental de Jedi a agüentar a comichão daquela transpiração na minha cara.

Algumas semanas se passaram e comecei a sentir aquele desconforto de ter parado perante uma dificuldade. Resolvi enfrentar o “pânico” de tocar em público. Refletindo sobre o recital dos alunos, descobri em mim falhas e desajustamentos próprios de quem ainda está na primeira metade do curso de alaúde. Além do mais, era a primeira vez em alguns anos que tocava em público e aquela cadeira onde me sentei, era um local solitário.

Cheguei à conclusão que eu não estava concentrado na música, mas no que as pessoas estariam a pensar. É curioso que quando reparamos que a mão está a tremer um pouco, temos tendência a dar importância a esse factor e assim ela passa a tremer mais. Por isso, ficamos mais nervosos num efeito em cadeia que tem resultados desastrosos. Ajudaria descontrair com alguns exercícios respiratórios para ajudar a reduzir o nível de ansiedade e não procurar ser um virtuoso. Não fazer aquela cara de “multa de trânsito” quando algo corre mal, pois muitas vezes o público não se apercebe.
Percebi também que quando nos apresentamos devemos tocar músicas do semestre passado, pois temos mais segurança e quando houver “turbulência” na mão, podemos sempre ligar o “piloto-automático” que se formou durante as longas horas de estudo.

Falei com outros colegas do núcleo de música antiga sobre o nervosismo de um recital e percebi que todos passam pela mesma situação. No entanto, para todos era essencial tocar mais vezes em público até o nervoso se dissipar. O ideal era fazer ensaios abertos a alunos e amigos, tocar em casa para familiares, pois queimar essa etapa é muitas vezes uma causa de nervosismo paralisante em palco. É um exercício muito importante, pois vamos notando como o corpo reage e podermos aperceber-nos de alguns fatores que possam estar a aumentar o nervosismo, que normalmente são naturais e que temos de aprender a conviver com eles e a não transformá-los em bichos papões.

Para a Eternidade: “O segredo do sucesso é andar de revés em revés sem perder o entusiasmo”. – Winston Churchill

Wednesday, March 25, 2009

Brief history of the Lute | Breve história do Alaúde


The european lute was born from the modification of an Arabic instrument called 'ud (al'ud), which is still popular in Arab countries nowadays. Al'ud means "the wooden one", which probably was used to distinguish it from other instruments made of other materials. The 'ud was introduced in Europe during the Moorish occupation of the Iberian Peninsula (711-1248 -> Portugal / 711-1492 -> Spain). Some sources believe that it may have entered Europe through the Byzantines in Sicily, or crusaders from the Holy Land, however, the european iconography of the period shows Islamic lutenists in the ninth and tenth Centuries aswell as the famous lutenist “Ziryab” in the court of ‘Abd al Rahman II (822-852) in Andalucia.

During the medieval period, the lute, which had 5 pairs of strings, or courses, was played with a quill as the 'ud, which limited the type of music that could be played and so, the lute was often played together with other instruments, especially to accompany songs. However the use of the 'ud was not restricted to Muslims as shown in illustrations of the "songs of Santa Maria" of Alfonso X the Wise (1221-1284). In the fourteenth Century, a new special writing for lute music was invented, called tablature, in which are given the positions of the fingers. Four main types of tablature were developed: the German, whose creator was Conrad Paulmann, the French, Italian and Spanish. With the new writing and the fingertips technique, an opportunity was created to make arrangements of vocal music (mostly polyphonic). There were so many arrangements that soon lutenists were able to create music generated in their own minds, thus creating a new music: The instrumental music for lute. However, that wouldn’t be possible without the close cooperation of lute manufacturers. We can highlight the most important ones of the period: Laux Maler, Hans Frei, Nicola Sconvelt, Magno Tieffenbrucker and Michael Hartung.
Another important factor in spreading the music of instrumental lute was the publishing of works of great masters by the hands of Ottaviano Petrucci, Antonio Gardano and Girolamo Scotto.

The lute really started to be important at the end of the fifteenth Century, when it was realized that it could be played with fingertips instead of a quill. This meant that the music composed in parts could now be played on the instrument. With the addition of a sixth bass course (pair of strings), the development of a more elegant and elongated body shape and the invention of a tablature system for musical notation, the lute reached its classical perfection and the stage was mounted to a music scene that would last more than 150 years. It is not difficult to see the appeal of the instrument. Lightweight and portable, a much cheaper and easier instrument to maintain than keyboards, it was very versatile - it was used for playing dance music, popular tunes, arrangements of vocal music and accompanying songs, and soon generated a solo repertoire of its own, in form of preludes, passemezzi and the most refined fantasies. It was considered the heir to the Roman Cithara or lira, which gave him even more fame in an era of obsession with classical literature.
Above all, it was the enchanting sound of the lute that turned it so admired. While its format is close to the modern guitar, the sound is very different. The resonance of its body in a half-pear and the less stressed strings give the lute a delicacy and richness that can not be compared with the modern guitar. It is in essence an instrument closer to nature than the modern guitar. The main genres of music from the Renaissance period are the dance, the forms and arrangements of imitative vocal music. The major composers of the Renaissance period were: In Italy, Francesco da Milano amd Vincenzo Galilei, in France: Adrian Leroy, in England: John Dowland and in Germany: Hans Newsidler.
At the end of the sixteenth century, experiences and innovations began to be made. A seventh course was added, then an eighth, then a ninth, eventually reaching 14 courses (pairs of strings) - the intention was partly to increase the range of the instrument to be able to play in a low register when accompanying male singers. To have the extra strings, it was included a new pegbox and a longer neck. New tuning schemes appeared. From these experiences, a new variety of instruments appeared, called “baroque lutes” today. The biggest of all, the Theorbo or Chitarrone was a bass instrument, used for accompanying, with a longer second neck that often makes the instrument longer than the musician that plays it. In France, a minor instrument of 11, 12 or 13 courses tended to be favored, the first 7 courses could be stopped with the left hand and the other strings are played openly like the strings of the harp. At the beginning of the seventeenth century a new musical aesthetic made a new musical style(homophonic) appear and with that, further refinements and new tunings had to be developed to meet this new way of making music.

French lutenists researched and developed several tunings which were known at the time as "French lute. In the middle of the seventeenth century it was the pattern tuning in D minor that made history as the "Baroque tuning". The main feature of the music of this period was the convention to play certain passages between the soprano and bass not simultaneously as in the polyphonic style, but successively, which greatly influenced harpsichord composers and which became known as "Style Brisée. The major composers of the period was Robert Ballard, Charles Mouton and Denis Gaultier. The music of this period, with its technical refinements and tunings, influenced the German lutenists in the 1680-1750 period. After an interval of relative inactivity, the composers experienced a revival of interest in the lute. Among these composers we can highlight Le Sage de Richée (born 1695), Ernst Baron (1696-1760), Adam Fackenhagen (works published in 1742 and manuscript of 1756), Jacques Bittner (work published in 1682 and 1683) and Sylvius Leopold Weiss (1687-1750) the most prolific composer of the period. These were joined by the divine J.S.Bach which contributed much to the lute music including the instrument in his “Funeral Ode” and St. John and St. Matthew Passions. The compositions of this period often take the form of a suite, starting with a prelude and continuing with dances selected among the ones in fashion at the moment such as the Courante, the Polonaise, the Allemande, the Minuet and the Gigue.

However, at the end of the XVII Century, the days of the lute were clearly numbered. The emergence of orchestras, operas and commercial concert halls placed the lute in great disadvantage - It simply could not be heard in a big noisy hall. The rising standard of living of the people also meant that more people had money to buy keyboards, which were easier to play and made possible to perform more complex harmonies. Furthermore, the extreme difficulty of playing the lute made other musicians turn to the 5 order baroque guitar. After 1760, few compositions for lute were made and the last publishing was in 1780.
In the nineteenth century, it was almost forgotten, being preserved and played only in a small circle of british intellectuals. In the twentieth century, the trajectory of the instrument was recovered and music history researched.
Today it is an instrument very valued by musicians in general but also by listeners. In the 70s, recordings by Julian Bream benefited immensely the lute, and fortunately the standard of quality is very high with regard to interpretation of lute music and the building of instruments, after models of the age. Today, ¾ of lutenists are ex-guitarists who were seduced by the Richness of the lute repertoire.

The lute witnessed a succession of the Golden Eras of composition. The first of these was in Renaissance Italy, where the great lutenist Francesco da Milano (1497-1543) divided with Michelangelo the nickname of "Il Divino" (the divine one). It was said that when he played, all thoughts passed through Paradise. In the middle of the sixteenth century, Spain produced a school of great composers, playing the "vihuela" (See “The Vihuela A Vihuela”) whose compositions are well known to today’s guitarists. The next high point came in Elizabethan England, with the sweet and melancholic fantasies of John Dowland and his contemporaries. The baroque lute produced two major schools of composition: the French, in the middle of the seventeenth century, where Gaultiers, Dufault and De Visée and others created an stately and self-confident style of music; and early in the eighteenth century Germany, where J.S.Bach composed for lute, and and the most well-succeded lutenist and composer of all times lived, Sylvius Leopold Weiss, bringing his arpeggiato style to the maximum of beauty humanely possible.

This article is based on several sources available on the Internet. I don't do historical research on the lute and I believe that history can not be invented. In these circumstances, my intention is only to disclose and make known the lute to more people, complementing this blog with some historical information.

Recommended Music:
Dowland, John - Complete Lute Works - Paul O'Dette - Harmonia Mundi

(português)
O alaúde europeu nasceu da modificação de um instrumento árabe chamado ‘ud (al’ud), que é ainda popular nos países árabes até aos dias de hoje. Al’ud significa “o de madeira”, que provavelmente serviu para o distinguir de outros instrumentos feitos com outros materiais. O ‘ud foi introduzido na Europa durante a ocupação moura da Península Ibérica (711-1248 > Portugal / 711-1492 > Espanha). Algumas fontes acreditam também que possa ter entrado na Europa através dos bizantinos na Sicília, ou por cruzados vindos da Terra Santa, no entanto, a iconografia européia do período mostra alaúdistas islâmicos nos séculos IX e X e também o famoso Ziryab na corte de ‘Abd al Rahman II (822-852), na Andaluzia.

Durante o período medieval, o alaúde, que tinha 5 pares de cordas, ou ordens, era tocado com uma palheta, como o ‘ud, o que limitava o tipo de música que poderia ser tocada e assim o alaúde era freqüentemente tocado em conjunto com outros instrumentos, sobretudo para acompanhar canções.
Entretanto o uso do ‘ud não ficou restrito aos muçulmanos como mostram ilustrações das “cantigas de Santa Maria” de Alfonso X, o Sábio (1221-1284).

No século XIV foi inventada uma escrita especial para a música de alaúde, chamada tablatura, na qual são dadas as posições dos dedos. Quatro tipos principais de tablatura foram desenvolvidos: a alemã, cujo criador foi Conrad Paulmann, a francesa, a italiana e a espanhola. Com a nova escrita e com a técnica de figueta criou-se logo a possibilidade de fazer arranjos de música vocal (essencialmente polifônica). Foram tantos arranjos que logo os alaúdistas estavam aptos a criar músicas a partir de um material engendrado em suas próprias cabeças, criando assim, uma nova música: A música instrumental de alaúde. Entretanto, nada disso seria possível sem a estreita colaboração dos fabricantes de alaúdes. Podemos destacar como os mais importantes do período: Laux Maler, Hans Frei, Nicola Sconvelt, Magno Tieffenbrucker e Michael Hartung.
Outro importante fator de disseminação da música instrumental de alaúde foi a edição de obras de grandes mestres pelas mãos de Ottaviano Petrucci, Antonio Gardano e Girolamo Scotto.

O alaúde realmente passou a ganhar uma grande importância em finais do século XV quando se compreendeu que poderia ser tocado com a ponta dos dedos em vez de palheta. Isto significava que a música composta em partes poderia agora ser tocada no instrumento. Com a adição de um sexto par de cordas baixo (ordem), o desenvolvimento de um formato mais elegante e alongado e a invenção de um sistema de tablatura para notação musical, o alaúde atingiu a perfeição clássica e o palco estava montado para um cenário musical que iria durar mais de 150 anos.

Não é difícil ver o apelo do instrumento. Leve e portátil, um instrumento muito mais barato e fácil de manter do que teclados, era muito versátil – era usado para tocar música de dança, música popular, arranjos de música vocal e acompanhamento de canções, e logo gerou um repertório solo próprio, em forma de prelúdios, passemezzi e as mais refinadas fantasias.
Era considerado o herdeiro da citara ou lira romana, o que ainda lhe dava mais fama, numa era de obsessão pela literatura clássica.
Acima de tudo, foi o som encantador do alaúde que o tornou tão admirado. Enquanto o seu formato é relativamente parecido com a guitarra moderna, o som é muito diferente. A ressonância do seu corpo em meia-pêra e as cordas menos tencionadas dão ao alaúde uma delicadeza e riqueza que não se pode comparar com a guitarra moderna. É em essência um instrumento mais próximo da Natureza do que a guitarra moderna.

Os principais gêneros de música do período renascentista são a dança,as formas imitativas e os arranjos de música vocal. Os principais compositores do período renascentista foram: na Itália, Francesco da Milano e Vincenzo Galilei, na França: Adrian Leroy, na Inglaterra: John Dowland e na Alemanha: Hans Newsidler.

No final do século XVI, começaram a ser feitas experiências e inovações. Uma sétima ordem foi acrescentada, depois uma oitava, depois uma nona, eventualmente chegando a 14 ordens (ou pares de cordas) – a intenção era parcialmente aumentar o alcance do instrumento para se poder tocar num registro grave quando acompanhando cantores masculinos. Para poder ter as cordas extras, foi incluídos uma nova cravelheira e um braço mais comprido. Novos esquemas de afinação apareceram. Destas experiências, uma nova variedade de instrumentos apareceu, designados hoje de “alaúdes barrocos”.
O maior de todos, a Teorba ou Chitarrone, era um instrumento baixo, usado para acompanhamento, com um longo segundo braço que freqüentemente torna o instrumento maior do que o músico que o toca. Em França, um instrumento menor de 11, 12 ou 13 ordens tendia a ser favorecido; as primeiras 7 ordens poderiam ser paradas com a mão esquerda e as restantes ordens eram tocadas abertas como as cordas de harpa.

No começo do século XVII uma nova estética musical fez surgir um novo estilo musical (homofonia) e com isso tiveram de ser desenvolvidas novas afinações para atender a esta nova maneira de se fazer música. Os alaúdistas franceses pesquisaram e desenvolveram várias afinações que na época ficaram conhecidas como “Alaúde Francês”. Em meados do século XVII chegou-se à afinação padrão em ré menor que passou à história como a “afinação barroca”. A principal característica da música deste período era a convenção de se tocar certas passagens entre o baixo e o soprano não simultaneamente como no estilo polifônico, mas sucessivamente, o que influenciou imenso os compositores de cravo e que ficou conhecido como “Style Brisée”. Os principais compositores do período foram Robert Ballard, Charles Mouton e Denis Gaultier.
A música deste período, com suas técnicas e afinações, influenciou os alaúdistas alemães do período 1680-1750. Após um intervalo de relativa inatividade, os compositores experimentaram um revivalismo do interesse pelo alaúde. Entre estes compositores podemos destacar Le Sage de Richée ( nascido em 1695 ), Ernst Baron (1696-1760), Adam Falckenhagen (trabalhos publicados em 1742 e manuscrito de 1756 ), Jacques Bittner (trabalhos publicados em 1682 e 1683 ) e Sylvius Leopold Weiss (1687-1750) o mais prolífico compositor do período. A estes se junta o divino J. S. Bach que muito contribuiu para a música de alaúde incluindo este instrumento na Ode Fúnebre e também nas Paixões segundo São João e São Mateus. As composições deste período freqüentemente adotam a forma de suíte, começando com um prelúdio e continuando com danças selecionadas entre as mais em moda no momento tais como a courante, a polonaise, a allemande, o minueto e a giga.
No entanto, em finais do Século XVII, os dias do alaúde estavam claramente contados. O aparecimento de orquestras, operas e das salas de concerto comerciais puseram o alaúde em grande desvantagem – Ele simplesmente não poderia ser ouvido numa grande sala barulhenta. O nível de vida crescente das pessoas também significava que cada vez mais gente tinha dinheiro para adquirir teclados, que eram mais fáceis de tocar e possibilitavam realizar harmonias mais complexas. Por outro lado, a extrema dificuldade de tocar alaúde fazia outros músicos favorecer a guitarra barroca de 5 ordens.

A partir de 1760 poucas composições para alaúde foram feitas, e a última edição data de 1780. No século XIX, praticamente ficou esquecido, sendo preservado e tocado apenas num pequeno círculo de intelectuais ingleses.No século XX, a trajetória do instrumento foi resgatada e música histórica pesquisada. É hoje, um instrumento bastante valorizado tanto pelos músicos em geral como também pelos ouvintes.

Nos anos 70s, as gravações de Julian Bream beneficiaram imensamente o alaúde, e felizmente a fasquia de qualidade é muito alta no que toca à interpretação da música de alaúde e na construção dos instrumentos, segundo modelos da época. Hoje em dia, ¾ dos alaúdistas são ex-guitarristas que foram seduzidos pelas riquezas do repertório para alaúde.

O alaúde testemunhou uma sucessão de Eras de Ouro da composição. A primeira destas foi na Itália renascentista, onde o grande alaúdista Francesco da Milano (1497-1543) dividiu com Michelangelo o apelido de “Il Divino”. Dizia-se que quando ele tocava, todos os pensamentos passavam pelo Paraíso.
Em meados do século XVI, a Espanha produziu uma escola de grandes compositores, tocando a “vihuela” (Ver “The Vihuela A Vihuela”) cujas composições são bem conhecidas dos guitarristas de hoje em dia.
O ponto alto seguinte surgiu na Inglaterra Isabelina, com as fantasias doces e melancólicas de John Dowland e seus contemporâneos.

O alaúde barroco produziu duas grandes escolas de composição: a francesa, de meados do século XVII, onde os Gaultiers, Dufault e De Visée e outros criaram um estilo de música imponente e auto-confiante; e no início do século XVIII na Alemanha, onde J.S. Bach compôs para alaúde, e o mais bem sucedido alaúdista e compositor de todos os tempos viveu, Sylvius Leopold Weiss, levando o seu estilo arpeggiato ao máximo da beleza humanamente possível.

Este artigo é baseado em várias fontes disponíveis na Internet. Não faço investigação histórica sobre o alaúde e acredito que a História não pode ser inventada. Nessas circunstâncias, a minha intenção é apenas a de divulgar e de dar a conhecer o alaúde a mais gente, complementando este blog com alguma informação histórica.

Música recomendada:
DOWLAND, John – Complete Lute Works – Paul O’Dette – Harmonia Mundi